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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

domingo, abril 15, 2012

Veja faz fumaça também para defender agiotagem dos bancos

 

 

A revista Veja não fez cortina de fumaça só contra a CPI do Cachoeira. Fez a mesma coisa para defender os juros extorsivos dos bancos privados.
A revista começa fazendo cortina de fumaça dizendo "a estratégia dos bancos públicos é louvável" (também se entrasse de sola dizendo-se contra, desagradaria seus próprios leitores de classe média), para em seguida repetir a mesma ladainha do lobby pela agiotagem dos banqueiros privados, que foram ao Palácio do Planalto dizer que, para baixar os juros, precisam mamar nas tetas do governo.
A revista comete ato falho e confessa o lobby neste trecho onde toma as dores da FEBRABAN (Federação de bancos):
Ao criticar as demandas feitas pela Federação dos bancos (Febraban) para reduzir os juros, Guido Mantega afirmou que as instituições privadas querem jogar a responsabilidade do spread “nas costas do governo” e que elas “têm margem para reduzir taxas”. A declaração evidencia uma avaliação tacanha do problema. Os bancos inegavelmente possuem – como ocorre na maioria dos países, aliás – elevada rentabilidade, mas o alto custo final do dinheiro no Brasil está longe de se resumir a essa questão. Boa parte da explicação está nas deficiências da própria economia e sua solução depende sim do Planalto.
Só que pouco antes, a revista caiu em contradição ao dizer:
A ação do BB e da CEF, seguida pelo privado HSBC... [o HSBC também cortou juros para pessoas física]
Ora, se um banco privado estrangeiro, que atua em centenas de países, acompanhou o corte de juros, é a confirmação cristalina de que o ministro está certo, e havia margem de sobra para cortar, e aquela conversa de "deficiências da própria economia" não passa de lobby da Veja e da FEBRABAN.
Não sei como que o leitor da revista, de classe média, usuário de serviços bancários, não se dá conta que a revista o está chamando de otário, com essa argumentação tacanha.
Em outro trecho a revista faz proselitismo para desestimular clientes mudarem de banco, escondendo do leitor a existência da portabilidade de financiamentos regulamentada pelo Banco Central, e da "transferência automática de salário" para quem tem conta-pagamento:
Até então, seguras da “dor de cabeça” que é trocar de banco, as supostas concorrentes não moviam grande esforço para assediar clientes umas das outras — e tampouco sacrificavam suas margens.
Bradesco patrocina a Veja, e Itau é grande anunciante
O banco privado Bradesco patrocina o acervo digital da revista Veja, além de fazer grandes anúncios nas páginas impressas:
O Banco privado Itaú também é grande anunciante da Veja, em páginas duplas:
O Bradesco ainda patrocina na TV o "Jornal Nacional" e o Itaú o "Jornal da Globo".
Como se vê, há fortes indícios de uma ação política entre os bancos e a mídia pela manutenção dos privilégios e do projeto de poder demotucano.
É por isso que é importante pessoas progressistas engajadas em romper com os 500 anos de atrasos e golpismo contra a prosperidade do povo e da nação, devem tomar a decisão POLÍTICA de mudar suas contas dos bancos privados para os bancos públicos. Porque se continuarem sendo clientes destes bancos privados, além de enfraquecerem o controle público sobre o sistema financeiro nacional, acabam por ajudar a financiar estas revistas e telejornais golpistas.
ZéAugusto
*Amigos do Presidente Lula

Mantega: temos o maior spread do mundo e isso não se justifica

Nesta sexta-feira (13), o ministro da Fazenda, Guido Mantega, elevou o tom e fez duras críticas à postura dos bancos privados na concessão de crédito e no custo do dinheiro. E avisou que não atenderá às propostas feitas pela Federação Brasileira dos Bancos (Febraban) na terça-feira (10).
Para Mantega, o país possui todas as condições para que os bancos brasileiros deixem de ser "os campeões do spread".
Segundo ele, "se eles [os bancos privados] não tivessem lucratividade, a gente poderia dizer: vamos mexer nos tributos, reduzir a cunha fiscal, mexer no compulsório. Mas eles têm margem para aumentar o crédito neste momento, e é necessário que isso seja feito sem mexer em nada".
Situação fiscal
O ministro afirmou que os bancos privados não estão liberando crédito e estão cobrando juros muito elevados, mesmo considerando a atual situação do Brasil.
"A economia brasileira está bastante sólida, estamos com inflação baixa, em torno de 4,5%, estamos com uma situação fiscal ótima, estamos com superávit, diminuindo a dívida pública, os consumidores estão com vontade de consumir, com mais salários, porém está havendo uma retenção de crédito por parte dos bancos", acrescentou.
Mantega lembrou que as taxas de captação do dinheiro pelos bancos privados são de 9,75% ao ano, mas emprestam para o consumidor a taxas de até 80% ao ano, dependendo das linhas de crédito.
"Essa situação não se justifica. A economia brasileira tem condições jurídicas sólidas. A economia brasileira tem o maior spread do mundo e isso não se justifica", criticou.
O ministro ressaltou que, no passado, até havia alguma insegurança jurídica, por causa de leis que não garantiam a devolução do recurso, mas o Brasil avançou muito nesta área.
"Temos nova Lei de Falências, alienação fiduciária que garante a retomada dos bens e até o cadastro positivo já foi aprovado. Os bancos diziam que iriam reduzir o spread quando nós aprovássemos o cadastro positivo. Ele está regulamentado e valendo", argumentou. Procurada, a Febraban não comentou o caso.
Diálogo com a Febraban
Após reunião com o presidente da Febraban, Murilo Portugal, na terça-feira (10), Guido Mantega deixou claro seu incômodo com a posição da federação.
"O Murilo Portugal esteve aqui outro dia e, em vez de trazer soluções anunciando aumento de crédito, veio para fazer cobranças. Se os bancos estão tão lucrativos, eles têm margem sim para reduzir as taxas e aumentar o volume de crédito", comentou o ministro, em claro sinal de contrariedade.
Bancos públicos
O ministro ressaltou o papel dos bancos públicos neste processo e disseque os bancos públicos federais terão autonomia para avaliar as condições de mercado para decidir se farão novas reduções nos juros cobrados nos empréstimos
“Os bancos públicos são autônomos para fazer isso e, portanto, estarão reduzindo as taxas. Mas as taxas já foram reduzidas bastante. Houve taxa que caiu para um terço. Eles que têm que se definir em relação a isso”, disse. Nos últimos dias, o Banco do Brasil e a Caixa Econômica Federal anunciaram redução dos juros de linhas de crédito.
O ministro destacou ainda que os bancos públicos registram um menor índice de inadimplência e têm rentabilidade tão alta quanto as instituições privadas. “Eles não poderiam agir se expondo a riscos. Tem que agir dentro da prudência e dentro das garantias necessárias. Os bancos [públicos] terão mais lucro porque irão emprestar mais”, avaliou.
*comtextolivre

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