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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

quinta-feira, abril 12, 2012

Mantega, na canela dos banco: lucrem menos

Até que enfim alguém fala grosso com os banqueiros.


O ministro da Fazenda, Guido Mantega, deu a resposta merecida, quando foram exigir benefícios fiscais para fazer o que têm tudo para fazer sem isso: baixar os juros.
“O presidente (da Federação dos Bancos) Murillo Portugal esteve aqui outro dia, e em vez de trazer soluções, veio fazer cobrança”, disse Mantega. “”O Brasil hoje é o país que pratica o maior spread do mundo e isso não se justifica.”
Spread, como se sabe, é a diferença entre o custo de captação do dinheiro pelos bancos (hoje, no máximo, 9,75% ao ano, o valor da taxa Selic) e o valor dos juros cobrados para emprestá-lo, que nunca é inferior ao quádruplo desta taxa e não raro chega a ser dez e até 20 vezes maior.
 publica hoje as taxas que cobram os bancos particulares e as que passaram a cobrar os bancos públicos.
A diferença é escandalosa, como você vê na ilustração.
Em outra matéria, uma tabela mostra a rentabilidade dos bancos brasileiros frente aos bancos dos EUA.
Em 12 anos, lucraram aqui 463%, contra “apenas” 308% dos bancos dos EUA. Que, por sinal, nem sequer durante a crise de 2008, com dinheiro público sendo injetado a rodo em seus caixas, nunca tiveram um resultado negativo.
E ainda assim dificultam o quanto podem o crédito.
É por isso que as agências do BB e da Caixa estão “bombando” de clientes dos bancos privados, à procura de informações sobre taxas mais baixas.
Afinal, não é isso (ou deveria ser) a concorrência?
*Tijolaço

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