Revista Veja é “o crime organizado fazendo jornalismo”
O deputado federal Fernando Ferro (PT-PT) acusou hoje (17) a revista Veja
de se valer de seu espaço midiático para tentar abafar a criação da
comissão parlamentar mista de inquérito destinada a apurar a conexão
entre políticos e o contraventor Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos
Cachoeira.
“Na semana passada, tinha afirmado
aqui que a revista Veja se associava ao crime organizado para fazer
jornalismo. Eu me enganei, acho que a revista Veja já é o próprio crime
organizado fazendo jornalismo”, disse o parlamentar na tribuna da
Câmara, em Brasília, em referência à reportagem publicada no último fim
de semana. Para a revista do Grupo Abril, a CPMI é uma estratégia do PT
para desviar o foco do julgamento no Supremo Tribunal Federal (STF)
sobre o caso do mensalão. “O que ela fez essa semana foi vestir a
carapuça e achar como natural e normal utilizar o expediente da
informação produzida por bandidos e delinquentes para fazer o seu
jornalismo. Então isso não é mais uma associação, mas uma ação de crime
organizado.”
A CPMI tomará como ponto de
partida as investigações da Polícia Federal durante a Operação Monte
Carlo. Além de mostrar as conexões de Cachoeira com políticos, as
escutas promovidas durante a apuração mostraram que o diretor da
sucursal de Brasília da revista Veja, Policarpo Júnior, recebia informações do grupo do contraventor para a formulação de reportagens.
O
deputado, que já adiantou que gostaria de ouvir o presidente do Grupo
Abril, Roberto Civita, sobre as conexões entre a editora e Cachoeira,
considera que a CPMI terá de debruçar sobre as relações entre grupos
privados, representantes do Estado e jornalistas. “Não há outro caminho senão o da imprensa assumir o seu papel de denunciar, mas desvinculada do crime organizado”, afirmou.
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