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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

domingo, agosto 18, 2013

A busca iniciada pelos jovens ajudará na mudança de cenário







Enviado por Assis Ribeiro
Da Carta na Escola
“Junho de 2013 não acabou”
Para o filósofo Marcos Nobre, a juventude foi vanguarda ao buscar novas de protesto e, ao questionar o sistema político, irá ajudar na mudança do cenário, inclusive partidário
Por Flávia Rodrigues
O professor de filosofia política Marcos Nobre, 48, assistiu às manifestações populares de junho no Brasil como uma “erupção democrática” surpreendente pela qual, paradoxalmente, ele esperava há muito tempo.

Para o pesquisador do Centro Brasileiro de Análise e Planejamento (Cebrap), não há dúvidas de que as “revoltas de junho” - termo que prefere - foram uma resposta da sociedade a um sistema político amorfo, sem forças reais de situação ou oposição, incapaz de responder às demandas de representação e de mudança no Brasil.  Não à toa, ele diz, um dos motes dos protestos foi a rejeição dos partidos.

A tese de Nobre se baseia em sua leitura da transição política brasileira pós-redemocratização, de 1979 para cá. Do grande “acordão” feito para chegar à democracia chegou-se ao “acordão” da Constituinte. Depois do choque com a queda de Fernando Collor, em 1992, foi a vez do protagonismo do PMDB como grande fiador da governabilidade – quando se instala de vez o que ele chama de “pemedebismo”. No segundo governo Lula (2007-2011), e após a crise do “mensalão”, o PT vira administrador do “condomínio pemedebista”, incorpora o “acordão”. É nesse momento, diz o professor da Unicamp, que o sistema deixa de ser polarizado e produz o mal-estar que foi às ruas.



Foram essas ideias que Nobre levou para “Choque de Democracia – Razões da Revolta”, ensaio que inaugurou, em junho, o selo de "instant e-books" (obras sobre temas "do momento", lançados só em versão eletrônica) da editora Companhia das Letras. A obra, produzida em dez dias, está desde então na lista dos mais vendidos do gênero.

Na entrevista abaixo, Nobre discute o papel dos jovens e da educação política que tiveram nas revoltas e é otimista sobre os resultados futuros do fenômeno.

Carta na Escola: Qual é o papel dos jovens nas “revoltas de junho”?

+ http://www.advivo.com.br/blog/luisnassif/a-busca-iniciada-pelos-jovens-ajudara-na-mudanca-de-cenario

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