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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

domingo, agosto 18, 2013

Presidente do Senado, Renan Calheiros, a Fernando Henrique Cardoso, denunciando pressões do então governador Mario Covas, do PSDB, por negócios.

Denúncia de 1999 alcança investigações do "propinoduto"

 

  Sugestão de Webster Franklin
Do Tijolaço

Nos trilhos do propinoduto, surge o caso Renan-tucanos-”Português”

Por Fernando Brito

Na imagem aí de cima, você vê a capa da Istoé de 22 de setembro de 1999.
Nela, uma carta (aqui, na íntegra) escrita em linguagem desabrida pelo hoje Presidente do Senado, Renan Calheiros, a Fernando Henrique Cardoso, denunciando pressões do então governador Mario Covas, do PSDB, por negócios. Várias, uma delas a deste trecho:
“A irritação do governador paulista com minhas atitudes chegou ao ápice quando revoguei a Concorrência nº 02/97 – DPF, consubstanciada no processo 08200007434/97-55, no valor de 170 milhões de reais, de interesse da Empresa Tejofran Saneamento e Serviços Gerais Ltda., muito ligada a ele e a seu filho, um certo Zuzinha, que detinha 20% do consórcio. Após ganhar a licitação, essa gente passou a exigir um escandaloso indexador em moeda americana com o obscuro objetivo de reajustar seus preços. Rejeitei a trama lesiva aos cofres públicos.”
Mas o que tem a ver isso com a possível coleta de fundos para o tucanato paulista?
A Tejofran é uma simples empresa de serviços gerais, nascida como um empresa de limpeza de escritórios e comprada em 1975 por Antonio Dias Felipe, o Português, amigo de Mario Covas e padrinho de seu filho Mario Covas Neto, o Zuzinha.
Um homem discretíssimo, do qual a única imagem que se pôde obter é aquela, pequena, que colocamos junto com a de seu afilhado.
Porque uma empresa deste tipo foi parar numa lista com gigantes como a Siemens, a Alston, a Mitsui e  a Bombardier?
Simples: a Tejofran está espalhada por todo o governo do Estado de São Paulo, prestando serviços a um número inimaginável de empresas em todos os governos tucanos,
Faz a leitura da maioria dos medidores da Sabesp, da Comgás e da Eletropaulo.
Faz medições em obras públicas.
Operou ou opera, desde os tempos do governo Covas, a arrecadação de pedágios nas rodovias administradas pelo Dersa/DER.
Faz a segurança do Metrô, opera unidades do Poupatempo.
E também  dos prédios onde funcionam pelo menos 10 secretarias e órgãos estaduais paulistas, inclusive o Metrô e a CPTM.
Na CPTM, onde começou fazendo a varrição e limpeza dos vagões, hoje é sócia da Bombardier na reforma e modernização de trens, e tem a mesma sociedade no Metrô.
Em 1997, quando surgiram as primeiras denúncias de favorecimento ao dono da Tejofran, Antonio Dias Felipe, Mario Covas reagiu indignado, segundo o Diário Popular, citado no site do presidente do Tribunal de Contas de São Paulo, Antonio Roque Citadini:
“Ninguém vai acusar o Governo do Estado de falcatruas Descubro pelos jornais que estão colocando em dúvida pequenos contratos do Estado com um amigo meu”.
Os “pequenos contratos”, que já nem eram tão pequenos assim, ficaram imensos e somaram bilhões com Geraldo Alckmin e José Serra.
Os trinta mascarados que resolveram acampar em frente à casa de Renan Calheiros, em Brasília, esta tarde, bem que podiam fazer um acordo: eles levantam acampamento, desde que o presidente do Senado conte tudo o que ele sabe – e é muito – sobre as ligações do tucanato paulista com a Tejofran e o gênio das finanças Antonio Dias Felipe, o Português tucano…
Por: Fernando Brito

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