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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

terça-feira, agosto 13, 2013

Caixa 2 de FHC e a natureza do escorpião

Blog do Cadu Amaral


E as propinas da empresa de engenharia francesa Alstom – claro FHC adora a França – chegaram à reeleição de Fernando “esqueçam o que eu escrevi” Henrique Cardoso. Além de compra de votos no Congresso para apoiar sua permanência no Palácio do Planalto, o PSDB montou um esquema de caixa 2 internacional. E com planilhas registrando tudo. Esses tucanos do bico de pau...

Em 2000, a Folha de S. Paulo publicou reportagem sobre “doações não registradas” para a campanha eleitoral de 1998. Segundo a reportagem, R$ 10,120 milhões deixaram de ser contabilizados. Nos documentos que afirmam ter tido acesso, um real em cada cinco eram em caixa 2 ou como no texto, “contabilidade paralela”.

Na planilha dessa “contabilidade paralela” constam os nomes de Andrea Matarazzo e Eduardo Jorge Caldas Pereira, tucano do bico finíssimo e da mais alta plumagem. A campanha tucana ainda teria recebido R$ milhões após a eleição, o que é ilegal.

Junte isso à Lista de Furnas, que desviou aproximadamente R$ 40 milhões de reais – vale lembrar que Gilmar Mendes, na época membro da Advocacia Geral da União (AGU), recebeu R$ 185 mil. Pegue uma calculadora, faça as devidas correções monetárias e se ela tiver zeros suficientes, espalhe quanto o PSDB de FHC, Serra e Aécio desviaram para se manter no poder.

Veja e Época

É simplesmente lamentável, apesar de não ser uma surpresa, a postura de Época e da “coisa feita em papel couché” Veja. A Globo, não importa se falada, televisada ou impressa, será sempre a Globo. Arma golpes – como sofreu Brizola em 1982 – e adora um xelelismo e “massas cheirosas”. Como sua “colega” paulista a Folha de S. Paulo.

Veja deveria ser disciplina nos cursos de Comunicação Brasil afora: como não fazer jornalismo, Veja de cabo a rabo.

Uma lança uma denúncia para desviar o foco do esquema dos trens e metrôs de São Paulo sob o comando das altas plumas tucanas que foi desmentido em 24 horas. A outra passa ao largo do tema e publica, sabem-se lá quantas páginas, sobre o assunto sem falar do PSDB e do Serra. Serra, aliás, que é o queridinho do Reinaldo Azevedo, que (deve ser) é o queridinho dos Civita. Para ficar tudo no clima dos ursinhos carinhosos, Veja não fala do Serra para que Serra não fique magoado com Reinaldo e esse não fique com Veja.

Ah, o amor... Lindo não é?

Folha e Estadão

Apesar de também terem sua predileção pelas “massas cheirosas”, plumas e bicos, Folha e Estadão noticiam o esquema dos trens. Vale lembrar que muito tempo após a revista Istoé publicar e muitos anos depois de CartaCapital levantar essa bola. Parecem que cansaram a incapacidade do PSDB em se apresentar como alternativa ao PT.

Noticiam todo o esquema, mas fingem que nunca ajudaram a sustentar politicamente os governos tucanos em São Paulo. É um “cansei” às avessas. Será?

As últimas pesquisas do Ibope ajudam nesse sentimento de frustração coletiva da “grande imprensa”. Porém não se pode pedir ao escorpião que ele seja outra coisa que não um escorpião. Logo suas baterias se voltam contra a esquerda e o governo federal.

Quanto mais se mexe em financiamento de campanha, mais se encontra problemas de caixa 2, ou como a educada Folha tratou o caso do PSDB, contabilidade paralela. Se cortar essa relação pela raiz, sempre teremos casos assim. Não adianta, a corrupção é da natureza do capitalismo, e na disputa pelos espaços de poder, ele permite valer tudo. A única moral do capitalista é o lucro, sob qualquer que seja a ótica. Sempre é bom lembrar-se do escorpião.
*amoralnato

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