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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

quinta-feira, julho 02, 2015

Há dois anos, Instituto Lula firmava parceria com União Africana para erradicar a fome

Há dois anos, Instituto Lula firmava parceria com União Africana para erradicar a fome




Visão geral da assembleia durante o evento na capital da Etiópia. Foto: Kelsen Fernandes/Instituto Lula
Há exatos dois anos, em 1º de julho de 2013, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva participava em Adis Abeba, capital da Etiópia, da mesa de abertura de um importante encontro de alto nível para discutir a erradicação da fome na África. Ela era promovido pela União Africana, pela Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO), pela agência de desenvolvimento da África, a NEPAD, e pelo Instituto Lula.
Presentes, mais de 400 pessoas, entre eles sete chefes de Estado ou de governo de países africanos, ex-presidentes, ministros, acadêmicos e membros da sociedade civil de países africanos. Ao lado do ex-presidente estavam o primeiro-ministro da Etiópia, Hailemariam Desalegn, a presidenta da União Africana, Nkosazana Dlamini-Zuma, e o diretor-geral da FAO, José Graziano da Silva.
Relembre a fala de Lula:

Além do ex-presidente, estiveram presentes o presidente do Instituto Lula, Paulo Okamotto, e o diretor para a África, Celso Marcondes. Ele também falou em uma sessão plenária do fórum: “A fome é, hoje, o problema mais sério da humanidade e pode ser erradicada com a integração entre os países africanos e com muita vontade política”, afirmou. 
O governo brasileiro esteve representado pela ministra do Desenvolvimento Social e Combate à Fome, Tereza Campelo, que apresentou no plenário o Programa Bolsa Família e as políticas públicas e programas sociais que tiveram êxito no Brasil e que hoje servem de referência para vários governos africanos.
Além do Brasil apenas dois outros países não-africanos foram convidados ao evento, a China e o Vietnã. O resultado do fórum foi extremamente positivo: os participantes aprovaram atividades para erradicar a fome até 2025, acabar com a desnutrição de 40% das crianças com até cinco anos e reservar uma parte significativa dos orçamentos nacionais para políticas sociais. A União Africana selecionou cinco países para serem os percussores das primeiras ações estabelecidas por um Plano Regional de trabalho: Angola, Malauí, Etiópia, Senegal e Niger.
Foi constituída na ocasião uma coordenação, encarregada de acompanhar as atividades da parceria firmada pelo Instituto Lula com a União Africana, a FAO e o NEPAD.
Em janeiro de 2015, essa coordenação levou a resolução do Fórum de 2013, intitulada "Novas Abordagens para Erradicar a Fome na África até 2025 no âmbito do CAADP", para ser aprovada pela XXIV Conferência da União Africana. O CAADP é o programa de agricultura da União Africana.
A Conferência é o órgão máximo de deliberação da União Africana, cuja sede fica em Adis Abeba. Ela acontece a cada seis meses e dura uma semana. Nos primeiros três dias se reúnem técnicos de todos os países africanos, nos dois dias seguintes os ministros e nos dois últimos dias os chefes de Estado ou de Governo dos 54 países que compõem o organismo. O Marrocos é o único país do continente que não participa da União Africana. A instituição joga um papel fundamental há mais de 50 anos pela união e integração da África. O Instituto Lula já participou, como observador convidado, de quatro conferências da União Africana, entre 2011 e 2015.
Para conhecer a União Africana, parceira do Instituto Lula, acesse: http://au.int/en
Ainda em abril em 2015, o Instituto Lula seria apoiador de outro importante evento, desta vez organizado pelo governo do Senegal, em Dacar: o  "Seminário Internacional Brasil-África sobre Proteção Social", em parceria com  o PNUD, o Centro Rio+, a UNICEF e a FAO. O fórum reuniu uma delegação brasileira e autoridades e técnicos de treze países africanos selecionados pela União Africana, destacados por serem aqueles em que mais se desenvolveram programas e políticas públicas de proteção social. O Instituto Lula esteve presente a convite do PNUD.
O seminário aprovou um documento chamado "Recomendações de Dacar sobre Proteção Social", que define a ‪proteção social‬ como um direito humano que deve fazer parte do orçamento nacional desses países na condição de "política de Estado". Essa resolução também foi ratificada pela União Africana, agora em sua XXV Conferência, realizada em junho de 2015, na África do Sul.
Antes, em março de 2015, o combate à exclusão social e à fome estiveram no centro da apresentação do Instituto Lula na "Conferência Internacional sobre a Emergência da África”, realizada em Abidjan, capital da Costa do Marfim. Organizada pelo governo do país do Oeste africano, ela foi aberta pelo presidente da República, Alassane Ouatara e pelo presidente do Senegal, Macky Sall, e teve mais de 800 participantes. Apenas cinco países não-africanos foram convidados a apresentar suas experiências de combate à exclusão social no evento: Brasil, China, Turquia, Índia e Malásia. O Brasil foi representado pelo diretor do Instituto Lula, Celso Marcondes e pelo representante do governo brasileiro, o então presidente do IPEA, Sergei Soares. Ambos, que estiveram presentes a convite do governo marfinense,  discursam em sessões plenárias do evento.
Desde junho de 2013, o Instituto Lula mantém sua parceria formal com a União Africana, a FAO e o NEPAD. A comemoração destes dois anos de trabalho conjunto é motivo de grande alegria para nós. 
Saiba mais sobre o encontro em Adis Abeba:

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