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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

segunda-feira, julho 06, 2015

Islândia já não quer ser membro da União Europeia

A ilha nórdica retirou o pedido de adesão à União Europeia, numa decisão comunicada esta quinta-feira a Bruxelas. O pedido de adesão foi feito em 2009 já em plena crise imobiliária no país, numa altura em que o euro era visto como uma bóia de salvação para o país. Depois surgiu a crise do euro e a recuperação económica islandesa.
A Islândia colocou esta quinta-feira um ponto final ao processo de adesão à União Europeia (UE). A decisão foi ontem comunicada a Bruxelas.

Apesar de alguns protestos realizados em frente ao parlamento depois de confirmada a decisão, o ministro dos Negócios Estrangeiros Gunnar Bragi Sveinsson anunciou que o governo conservador de que faz parte não pretende realizar um referendo sobre o assunto. A Euronews refere que actualmente a maioria dos islandeses já não sonha com a entrada na UE.

"O Governo considera que a Islândia já não é um país candidato à UE solicitando que [Bruxelas] aja de acordo com esta intenção daqui para a frente", confirmou o ministério dos Negócios Estrangeiros islandês num comunicado citado pela agência Bloomberg.

Já depois de rebentar a bolha imobiliária, a Islândia concretizou o pedido de adesão à UE em 2009, numa decisão tomada pelo então recém-eleito governo social-democrata. No entanto, já com uma economia em crescente recuperação e perante a crise que afectou a Zona Euro, o governo conservador eleito em 2013 decidiu agora interromper o processo de adesão à comunidade europeia.

Entre as exigências feitas pela Europa sobre as quais a Islândia apresentou mais reticências estava a aplicação de quotas sobre o sector da pesca, um dos mais importantes para o país. A Euronews recorda mesmo que os islandeses nunca viram com bons olhos a política de pescas da UE.
*http://www.jornaldenegocios.pt/economia/europa/detalhe/islandia_ja_nao_quer_ser_membro_da_uniao_europeia.html#.VZr7Lq64Suk.facebook

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