Páginas

Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

terça-feira, julho 07, 2015

Oportunidades iguais a pessoas com deficiência fortalecem democracia, afirma Dilma

Dilma - nova lei define pena de reclusão de um a três anos para quem discriminar pessoas com deficiência
Dilma: nova lei define pena de reclusão de um a três anos para quem discriminar pessoas com deficiência. Foto: Roberto Stuckert Filho/PR
A Lei Brasileira de Inclusão, assinada nesta segunda-feira (6), vai fortalecer a democracia brasileira, afirmou a presidenta Dilma Rousseff, ao sancionar o Estatuto da Pessoa com Deficiência, em cerimônia no Palácio do Planalto que contou com dezenas pessoas, entidades e parlamentares ligados ao setor.
Nos comprometemos com o tratamento diferenciado, que reconhece e respeita a diversidade. Porque, só assim, alcançaremos a igualdade de oportunidades que queremos para todos. Celebremos, portanto, essa conquista”, disse ela aos presentes.
Entre as inovações da nova norma, está o pagamento de auxílio-inclusão às pessoas com deficiência moderada ou grave que entrarem no mercado de trabalho. E a reserva de 10% de vagas em processos seletivos de curso de ensino superior, técnico e tecnológico. Além disso, agora haverá pena de reclusão de um a três anos para quem discriminar pessoas com deficiência.
A presidenta lembrou que o estatuto resultou de um enorme esforço coletivo para reunir o conteúdo de mais de 430 documentos que tramitavam no Congresso em 2012 e que foram anexados (apensados) ao Projeto de Lei do Estatuto, que havia sido apresentado pelo senador gaúcho Paulo Paim em 2003.
“Houve uma cooperação inédita entre o Congresso Nacional, a Secretaria de Direitos Humanos, juristas, especialistas e a sociedade civil, para consolidar todas as propostas em um só texto”.
Esse texto, que foi aprovado pelo Congresso em junho passado, classifica o que é deficiência, determina atendimento prioritário em órgãos públicos para pessoas com deficiência e dá destaca políticas públicas em áreas como educação, saúde, trabalho, infraestrutura urbana, cultura e esporte.
Viver sem limites
Segundo Dilma Rousseff, o novo marco legal determina ao Estado como atuar para remover barreiras existentes na sociedade ao pleno exercício dos direitos e à participação social das pessoas com deficiência. Também prevê mudanças no Estatuto da Cidade, para que a União seja corresponsável, juntamente com estados e municípios, pela melhoria de condições de calçadas, passeios e locais públicos para garantir o acesso de pessoas com deficiência.
“Essa lei, eu pego emprestado o nome do nosso programa, ela dá uma grande contribuição para que as pessoas com deficiência possam viver sem limites”, enfatizou, em referência ao Plano Viver sem Limite, lançado em 2011.
Por meio daquele plano, comentou a presidenta, o governo garantiu que as moradias do Minha Casa, Minha Vida fossem adaptáveis para atender às necessidades de todos cidadãos. No campo da saúde, foi criada a rede de cuidados à pessoa com deficiência. E ainda linhas de crédito para que elas pudessem adquirir produtos que ampliassem sua autonomia.
Foi alterada a legislação do Benefício de Prestação Continuada, para permitir que seus beneficiários possam ingressar no mercado de trabalho sem receio de não terem mais essa proteção, em caso de perda do emprego.
No âmbito da Previdência, foi reduzido o tempo de contribuição necessário para a pessoa com deficiência se aposentar e estabelecidas as condições para exercício desse direito sejam definidas a partir de uma avaliação de sua capacidade funcional, feita por um conjunto de profissionais.
Agora, por meio do Estatuto da Pessoa com Deficiência, “damos mais um passo na ratificação de uma noção consagrada na Convenção Internacional sobre Direito das Pessoas com Deficiência, da qual fazemos parte, e que, a partir de hoje, passa a assegurar que as pessoas com deficiência tenham uma lei específica. E sejam, de fato, tratadas como cidadãs de primeira categoria”.

Imprima:Imprimir

Nenhum comentário:

Postar um comentário