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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

quarta-feira, julho 28, 2010

Quando serão julgados os crimes de guerra dos usa






Massacre de afegãos: EUA prendem soldado

Soldado Bradley Mannig, preso por suspeita de divulgar massacres. Não se prendeu ninguem por massacres, só por sua divulgação

Segunda-feira divulguei aqui reportagem do jornal inglês The Guardian sobre os milhares de documentos secretos do exército americano revelando atrocidades cometidas pelas tropas de ocupação dos EUA mo Afeganistão, inclusive um em que se revela que um grupo de soldados, depois de sofrer um atague, percorreu quatro quilômetros atirando em toda e qualquer pessoa que estivesse em seu caminho, matando 19 civis e ferindo outros 50.

Os documentos foram revelados pelo site Wikileaks, que divulgou em abril deste ano o ataque de helicópteros Apache contra civis desarmados, que matou, entre outras pessoas, um fotógrafo e um produtor da agência de notícias Reuters.

Pois nesta terça-feira a Agência France Press noticiou que o governo norteamericano reagiu à divulgação destes documentos secretos. Não abriu, porém, qualquer investigação para apurar as denúncias feitas na internet. O que fez foi iniciar uma investigação para saber como os documentos que denunciam os crimes de guerra vazaram para o público.

E, consequência, um soldado de 22 anos, Bradley Manning, foi detido numa prisão militar, desde fins de maio, Ele não participou de nenhum massacre, mas é apontado como suspeito de vazar os documentos que os revelaram. O Departamento de Defesa qualificou a divulgação de “ato criminoso” e disse que estava lançando uma “caçada” para encontrar o responsável pelo vazamento.

Não houve nenhuma declaração qualificando o massacre de civis desarmados de “ato criminoso”, muito menos o anúncio de uma “caçada” por seus responsáveis.

dotijolaço

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