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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

quinta-feira, setembro 12, 2013

Assange participará de videoconferência sobre espionagem digital em São Paulo


O australiano Julian Assange, fundador do WikiLeaks, participará de uma videoconferência sobre vigilância digital em São Paulo. O encontro é gratuito e acontecerá no dia 18 de setembro no Centro Cultural, localizado na zona sul da cidade.
Organizado pela Secretaria Municipal da Cultura de São Paulo e a editora Boitempo, o evento contará com três mesas de debates que discutirão temas referentes à liberdade, privacidade e o futuro da internet.
Durante o debate, o ciberativista australiano falará a respeito do livro de sua autoria “Cypherpunks: Liberdade e o futuro da internet”, publicado este ano no país pela Boitempo.
Asilado na embaixada equatoriana em Londres desde agosto de 2012, Assange vive um imbróglio geopolítico. Ele é acusado de cometer crimes sexuais na Suécia e, caso saia da residência diplomática, será extraditado pelo governo britânico.
Na opinião do ativista digital, as acusações são falsas e têm motivação política, como represália à divulgação de documentos secretos dos governos nacionais.
Recentemente, o WikiLeaks deu apoio a Edward Snowden, que vazou informações sobre ações de espionagem dos Estados Unidos. Em entrevista realizada na embaixada equatoriana, Assange afirmou que o ex-consultor da agência NSA é um “herói”.

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