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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

sábado, março 29, 2014

BRICS QUEREM SUBSTITUIR O DÓLAR - Sanções contra a Rússia agilizam a formação de novo mercado financeiro

Peskov falou sobre a formação de um mercado financeiro independente

Peskov falou sobre a formação de um mercado financeiro independente.
 
As sanções anunciadas pela União Europeia e EUA contra a Rússia também voltaram a mexer com o mercado investidor, nesta terça-feira, após uma entrevista com o porta-voz do Kremllin, Dmitry Peskov. A Rússia voltou a cogitar a formação de um mercado financeiro paralelo ao de Wall Street, com negociações realizadas em moedas como o rublo, o yuan e o real, em resposta às pressões do Ocidente contra a anexação do Estado independente da Crimeia.
Segundo Peskov, as sanções contra a Rússia foram “o último gatilho” para a criação de um sistema financeiro independente, baseado na economia real. Segundo afirmou, “o mundo está mudando rapidamente”.
– Quantas civilizações cresceram e se extinguiram no curso da História? Quem está apto a resistir à pressão de um sistema perto da falência e indicar ao seu povo o caminho para o futuro? A possibilidade de um novo sistema financeiro independente do dólar, que segue perto de um colapso após a crise de 2008 será uma consequência das sanções contra a Rússia que, doravante, passará a reforçar seus laços econômicos com o países do BRICS, em particular com a China, que é dona de grande parte da dívida externa norte-americana – afirmou.
O mundo, hoje em dia, segundo análise do porta-voz do governo russo, “deixou de ser bipolar” e países como Brasil, Índia, China e África do Sul, que integram o BRICS, juntos com a Rússia, representam 42% da população mundial e cerca de um quarto da economia, o que coloca este bloco como um importante ator global. As sanções determinadas pelo Ocidente “podem significar uma grande catástrofe para os EUA e os europeus, no futuro”, acrescentou Peskov.
A discussão sobre um novo sistema financeiro, no entanto, não começou agora. Desde a formação do BRICS, há mais de uma década, estuda-se a possibilidade de se formar um novo mercado, que aceite outras moedas, e não apenas o dólar norte-americano, na liquidação dos negócios. Os países que integram este bloco estão todos de acordo com os princípios legais, em nível mundial, e o volume de negócios entre estas nações tem batido novos recordes a cada ano, nas mais diferentes áreas.
Com o objetivo de modernizar o sistema econômico global, que tem no centro dele os EUA e a UE, os líderes do Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul criaram o BRICS Stock Alliance, um embrião deste novo mercado sem o dólar, e têm desenvolvido mecanismos bancários capazes de financiar seus grandes projetos de infraestrutura. Apesar do ceticismo dos mercados formais, “estes países têm mostrado bons resultados em suas balanças comerciais”, concluiu. 


Jornal Correio do Brasil

Agência chinesa que rebaixou EUA dá nota ‘A’ ao Brasil


A milhares de quilômetros de Nova York, uma agência de classificação de risco vê o Brasil em posição muito mais confortável do que a Standard & Poor’s, a Moody’s e a Fitch.
Para a chinesa Dagong Global Credit Rating, o Brasil tem rating “A-”. Assim, a agência de classificação de risco estatal da China coloca o Brasil três patamares acima da avaliação anunciada na segunda-feira pela Standard & Poor’s.
Ao contrário dos comentários duros contra o governo brasileiro, a Dagong tem avaliação mais amena. A última revisão da nota brasileira ocorreu em janeiro, quando reafirmou a nota “A-” e disse que o ambiente para a dívida brasileira é relativamente estável. “A situação política basicamente estável do Brasil e a vantagem da atual presidente Dilma Rousseff na eleição presidencial são fatores favoráveis para a continuidade e estabilidade das políticas”, diz relatório divulgado em Pequim.
Os analistas chineses reconhecem, porém, que nem tudo são flores. “O ambiente político interno complexo constrange as reformas estruturais de longo prazo, que são repletas de grandes dificuldades.”
Em um ponto Dagong e S&P concordam: a política fiscal. “O déficit fiscal e a situação da dívida pioraram de forma consistente. Afetados pelo gasto que aumentou significativamente, o déficit público aumentou para o equivalente a 3% do PIB em 2013″, diz a Dagong.
Criada em 1994 pelo governo, a Dagong é a resposta de Pequim às agências ocidentais. Com critérios diferentes dos usados pelas concorrentes, a agência se gaba de ter sido a primeira a rebaixar a nota soberana dos EUA – movimento seguido por S&P, Moody’s e Fitch.

Saiba Mais: Estadão

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