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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

terça-feira, março 18, 2014

Sem medo de sanções, Putin decreta Crimeia soberana

247, com Reuters - O presidente russo, Vladimir Putin, assinou um decreto nesta segunda-feira reconhecendo a Crimeia como um Estado soberano, depois que a região ucraniana se declarou independente e escolheu fazer parte da Rússia em um referendo no fim de semana.
O decreto publicado na página do Kremlin na Internet pareceu ser o primeiro passo para a integração da Crimeia à Federação Russa.
O decreto, que entra em vigor imediatamente, diz que o reconhecimento russo da Crimeia como um Estado independente é baseado no "desejo do povo da Crimeia".
Os líderes da Crimeia declararam um resultado ao estilo soviético de 97 por cento em favor da separação da Ucrânia em uma votação considerada ilegal por Kiev e pelo Ocidente.
O Parlamento da Crimeia propôs formalmente que a Rússia "admita a República da Crimeia como um novo ator com status de República". Putin falará sobre o assunto em uma sessão conjunta do Parlamento russo na terça-feira.
O presidente Barack Obama disse nesta segunda-feira que os EUA estão prontos para impor mais sanções à Rússia pela incursão do país na região ucraniana da Crimeia, mas que ainda há meios para resolver a crise diplomaticamente. Entre as sanções estão a proibição de viagens e o bloqueio de bens nos Estados Unidos.
Após o anúncio das sanções, o vice-primeiro-ministro da Rússia, Dmitry Rogozin, ironizou a decisão da Casa Branca. "Camarada Obama: o que o senhor vai fazer contra aqueles que não têm contas ou propriedades no exterior? Ou o senhor não pensou nisso?", escreveu no Twitter.
Na avaliação do último presidente da União Soviética, Mikhail Gorbachev, o resultado do referendo corrige um "erro histórico". "Se antes a Crimeia foi incorporada à Ucrânia conforme as leis soviéticas, ou seja, segundo as leis do Partido (Comunista da URSS), sem perguntar ao povo, desta vez o povo corrigiu aquele erro", declarou ele nesta segunda-feira (leia mais). 

Fonte: 247

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