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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

sexta-feira, dezembro 05, 2014

Dilma vence as quatro primeiras tentativas de golpe. Agora faltam mais duas.
A primeira tentativa de golpe foi ainda nas eleições, quando depois de uma cobertura altamente parcial durante todo o pleito, a grande mídia tentou emplacar nos últimos dias a conhecida capa criminosa da Veja. Não deu certo.
A segunda tentativa foi um pedido tosco de averiguação dos votos, feito pelo PSDB, após a vitória de Dilma. Se o PSDB desconfia da credibilidade das urnas eletrônicas, porque não alegou isso antes das eleições? Principalmente, por que não alegou isso quando Alckmin e Beto Richa foram eleitos no 1° turno, por essa mesma urna eletrônica? A tentativa foi fracassada, o TSE concedeu os dados das eleições para o PSDB, o partido fez a perícia e nada encontrou.
A terceira tentativa de golpe foram as marchas em busca de uma intervenção militar no Brasil, buscando repetir os eventos ocorridos em 1964. Fracassou, especialmente depois da entrevista dos três comandantes das forças armadas à jornalista Monica Bergamo, na qual eles desqualificaram as marchas golpistas e reafirmaram com ênfase a democracia.
A quarta tentativa de golpe veio do não cumprimento do superávit primário em 2014 pelo governo federal. Isso poderia ensejar o impeachment da presidente Dilma, por crime de responsabilidade. Esse tema se tornou uma grande esperança dos golpistas, muitos nem sabiam o que era superávit primário até um mês atrás, mas a conveniência de um impeachment contra Dilma fez com que se tornassem especialistas e defensores ferozes da importância do superávit primário para a economia. A presidente Dilma demonstrou que o governo tem uma base no Congresso, conseguindo aprovar uma mudança na LDO em uma sessão que durou 19 horas, graças ao radicalismo absoluto da oposição. Eles obstruíram a votação de todas as formas possíveis (usaram brechas do regimento interno, pagaram habitação e alimentação militantes viajarem à Brasília para provocar tumultos, chamaram uma senadora governista, Vanessa Grazziotin, de "vagabunda" e conseguiram provocar o cancelamento da sessão na terça).
Agora faltam "só" mais duas tentativas de golpe.
A primeira vem da relatoria das contas da campanha de Dilma, que está nas mãos de Gilmar Mendes, militante declarado anti-PT. É esperado que ele vá reprovar as contas e achar alguns problemas, mas ninguém sabe ao certo se ele conseguirá convencer a maioria dos ministros do TSE de seguir tal caminho.
A segunda tentativa de golpe pendente virá da próxima etapa da operação Lava-Jato, que atingirá os políticos, acumulada com uma possível eleição de Eduardo Cunha para a presidência da Câmara em fevereiro. Isso tudo somado com uma cobertura criminosa da grande mídia, que só tem mostrado o suposto envolvimento do PT com o caso, escondendo tudo relacionado ao PSDB. É possível que a denúncia de recebimento de 10 milhões em propina por parte do ex-presidente do PSDB, Sérgio Guerra, não seja investigada, bem como o envolvimento de Youssef em contratos da CEMIG. Além disso, é provável que a mídia continue não mostrando que o esquema na Petrobras já funcionava desde o governo FHC, como já delataram Fernando Baiano, Pedro Barusco e Alberto Youssef.
Isso pode levar algumas dezenas de milhares de pessoas para as ruas em todo o país, levando o Congresso a analisar a possibilidade de um impeachment da presidente Dilma.
Até o momento parece que Dilma vai conseguir vencer todos esses desafios.

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