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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

quarta-feira, julho 07, 2010

As mudanças tem sempre que acontecer para melhor é para melhorar a civilização é sempre bem vinda






O eleitor tem direito de saber como pensa o Presidente


Adams: Não se pode punir o direito de opinião do presidente

Finalmente uma voz se levanta pelo direito de o presidente da República, como qualquer cidadão, se manifestar no processo eleitoral, e de a população saber o que o seu principal dirigente pensa. Defendo essa posição aqui desde o primeiro momento em que as multas passaram a tentar tolher o presidente, processo que se estendeu, de forma perigosa para a democracia, aos blogs e até ao parlamento.

Em entrevista , o advogado-geral da União, Luís Inácio Adams não só afirma que o presidente da República não pode sofrer mais limitações do que os demais políticos, como acha que a Lei Eleitoral deve ser revista para eliminar esta anomalia de punir a opinião, o que representa um ataque à essência da democracia.

O advogado-geral fala de forma direta que o presidente não pode ficar limitado na sua condição de cidadão e refuta a hipocrisia dos que defendem um comportamento de magistrado do principal mandatário da nação durante o processo eleitoral. “Eu pergunto o seguinte: é relevante ou não para o eleitor saber quais são os apoios que existem em relação às candidaturas ? E mais: é relevante ou não saber qual é a posição do presidente? O que nós estamos tratando aqui é de direito de opinião.”

Adams ressalta que nas campanhas existem limitações objetivas que devem ser seguidas por todos os agentes públicos. E diz que se um ministro pode ir a um ato público de um candidato num fim de semana, o presidente também pode.

O advogado-geral da União tocou ainda em outra questão essencial que é a paralisação da máquina pública durante o processo eleitoral, o que prejudica o funcionamento do país. Durante 90 dias, muitas coisas deixam de ser feitas em nome de uma suposta isenção, que não reduz em nada os desequilíbrios naturais do processo político.

Parabéns ao Dr. Luís Inácio Adams, pela sinceridade e pela coragem de vir a público externar suas opiniões sem temor de patrulhamento. Acho que muito do que ele diz agora terá de ser considerado numa futura reforma – e reforma democrática – do sistema eleitoral brasileiro. Os agentes políticos podem e devem ser rigidamente controlados quanto ao uso da máquina, mas exatamente pela função referencial que têm, tanto para a oposição quanto para a situação, não podem ser confinados no silêncio.

dotijolaço

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