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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

quinta-feira, julho 08, 2010

A crise mundial financeira esta aí











Lula:Crise deixou FMIem 'silêncio profundo' e Banco Mundial 'mudo'

Lula: Crise deixou FMI em 'silêncio profundo' e Banco Mundial 'mudo'

Pela manhã, presidente se encontrou com presidente de Zâmbia, na quinta parada de seu giro por seis países africanos.

08 de julho de 2010 7h 57

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse nesta quinta-feira que o Fundo Monetário Internacional (FMI) está em "silêncio profundo" e que o Banco Mundial "ficou mudou" diante da crise financeira internacional.

Lula, que assinou acordos bilaterais durante uma visita à Zâmbia, disse ainda que a turbulência financeira é um "alerta" para que os países do hemisfério sul - como o Brasil e os africanos - "ajam diferente de como agiram no século 20".

Durante um encontro com o presidente da Zâmbia, Rupiah Bwezani Banda, o presidente afirmou que a falta de ação dos países para tomar medidas anti-crise está turvando os horizontes de uma possível tranquilização do cenário internacional.

"A crise já poderia ser tratada como se fosse uma coisa do passado se os países ricos tivessem colocado em práticas as medidas que foram discutidas no G20. Mas eles não colocaram. O sistema financeiro ainda não está controlado, os paraísos fiscais ainda existem e o crédito ainda não foi disponibilizado para atender ao comércio internacional", afirmou Lula.

"Quando a crise era num país como Zâmbia ou em um país como o Brasil, aqui apareciam o FMI e o Banco Mundial para nos ensinar o que fazer e para dar palpite nas nossas políticas. Agora que a crise é nos países ricos, o FMI está em um silêncio profundo e o Banco Mundial ficou mudo. Ou seja, eles não sabem como tratar a crise como pensavam que sabiam tratar a crise nos países pobres."

Crise sem tamanho

Lula disse que "agora estamos com uma crise na Europa que não sabemos ainda qual o tamanho dela".

"Ainda não sabemos a quantidade de dinheiro podre que existe nos bancos dos países europeus e não temos um sistema de fiscalização que possa nos informar o tamanho do buraco nos bancos alemães ou nos bancos franceses", listou.

O presidente listou sucessos econômicos do seu governo - o fato de o Brasil ser credor do FMI, ter cerca de US$ 250 bilhões em reserva e gozar de uma perspectiva de crescimento de pelo menos 5% neste ano - para apontar o que sugeriu ser uma ironia na economia mundial.

"Graças a Deus, e eu acredito que Deus escreve certo por linhas tortas, a economia dos países emergentes e dos países em desenvolvimento estão mais sólidas do que a dos países considerados ricos."

Para Lula, a crise deve servir de "alerta para os países do sul ajam diferentemente do que agiram ao longo século 20".

"Durante grande parte do século 20 nós tivemos a expectativa de que os países ricos resolveriam nossos problemas. A crise mostrou que nós é que temos de resolver nossos próprios problemas", disse.

O presidente foi saudado na Zâmbia, onde assinou dez acordos - inclusive um no qual o Brasil aportará US$ 200 mil para um "Fome Zero Zâmbia" -, como o líder de um país-chave nas negociações internacionais.

"O Brasil hoje se destaca entre os países emergentes não apenas na região da América Latina, mas no mundo", disse o presidente Banda.

Copa do Mundo

Lula embarca ainda nesta quinta-feira para Johanesburgo, na África do Sul, onde lança, à noite, a logomarca oficial que inicia a contagem regressiva para a Copa de 2014, que será sediada pelo país.

O presidente tem agendado assistir à final da Copa do Mundo no domingo, mas nos últimos dias tem demonstrado cansaço e manifestado sua indisposição de comparecer ao jogo final.

Um assessor de Lula disse que há "90% de chances de ele não ir", mas o próprio presidente ventilou para jornalistas que o assunto ainda não está decidido. BBC Brasil - Todos os direitos reservados. É proibido todo tipo de reprodução sem autorização por escrito da BBC. 

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