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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

quinta-feira, julho 01, 2010

Curso de Pós sôbre Marx






Parceria entre sindicato e universidade promove curso de pós sobre Marx

Uma parceria inédita na região Sul do país entre o Sindicato dos Bancários de Porto Alegre e Região e a Faculdade Porto-Alegrense (FAPA) está oferecendo um curso de pós-graduação (em nível de especialização) sobre o pensamento de Marx. “No Brasil, só tenho conhecimento de curso similar na Unicamp. Também estamos sendo pioneiros ao aproximar a academia e o movimento sindical", diz Fábio Soares Alves, secretário-geral do SindBancários.

Uma parceria inédita na região Sul entre o Sindicato dos Bancários de Porto Alegre e Região e a Faculdade Porto-Alegrense (FAPA) está oferecendo o curso de pós-graduação “O Pensamento Marxista Clássico e a Atualidade” (nível de especialização). A súmula do curso prevê a análise de textos clássicos do pensamento de Karl Marx e Friedrich Engels e de alguns de seus principais herdeiros intelectuais. Os temas gerais que norteiam o curso são economia, política, filosofia, história, sociologia e o marxismo depois de Marx, no mundo e no Brasil. Segundo o secretário-geral do SindBancários, Fábio Soares Alves, trata-se de uma novidade na região Sul: “No Brasil, só tenho conhecimento de curso similar na Unicamp. Também estamos sendo pioneiros ao aproximar a academia e o movimento sindical”. Em sua justificativa, o projeto do curso afirma:

O pensamento marxista jamais perdeu sua validade teórica de explicação da realidade social e histórica. Tampouco deixou de evoluir e de se aprofundar, como se depreende da sólida produção de acadêmicos ingleses, norte-americanos e alemães, entre outros. Desde o advento da globalização e, paradoxalmente, com o fim da Guerra Fria, o marxismo se tornou ainda mais atual e, inclusive, ao se libertar de certas vinculações políticas, vem voltando a ocupar um merecido lugar na academia. A título de exemplo, desde o advento da crise financeira internacional, O Capital foi uma das obras mais vendidas na Alemanha na categoria não-ficção. Há, ainda, um enorme desconhecimento e curiosidade de ler os próprios textos clássicos, pois muitas pessoas conheceram a teoria marxista através de intérpretes, na maioria das vezes críticos.

As inscrições vão até o dia 31 de julho e podem ser realizadas no Departamento de Formação do SindBancários (Casa dos Bancários, Rua General Câmara, 424, Centro, Porto Alegre) ou na Secretaria de Pós-Graduação da FAPA (Av. Manoel Elias, 2001, sala 1201, prédio 1). Bancários têm desconto de 10% no valor total do curso, que também é aberto aos interessados no tema.

As aulas iniciam em agosto, na Casa dos Bancários, e acontecerão nas segundas e quartas, das 19h20min às 22h50min. Estão previstas ainda duas cadeiras na quinta à noite e no sábado, das 8h20min às 11h50min. O custo é de uma parcela de R$ 260,40, paga no ato da inscrição, mais 18 parcelas no mesmo valor. O curso terá um total de 360 horas aula, com término previsto para setembro de 2011, e será ministrado pelos seguintes professores:

Analúcia Danilevicz Pereira (Dr. História/UFRGS)
Eder Silveira (Dr. História/UFRGS)
Eduardo Maldonado Filho (Dr. Economia/New School for Social Research,EUA)
José Miguel Quedi Martins (Dr. Ciência Política/UFRGS)
Luiz Augusto Faria (Dr. Economia/UFRJ)
Maria Aparecida Grendene de Souza (Me. Economia Política/UFRGS)
Luis Gustavo Grohmann (Dr. Ciência Política/IUPERJ)
Paulo Fagundes Visentini (Dr. História Econômica/USP – Pós-Doutorado na London School of Economics, Grã-Bretanha)

do Carta Maior

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