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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

domingo, julho 04, 2010

O poder economico sempre usando os frágeis






Copa do mundo 2010: um olhar político em defesa de nossa América!

Por Sturt Silva*

Juro por Deus, juro por meus pais e juro por minha honra que não descansarei enquanto viver até que tenha libertado a minha pátria... [Poís] A unidade de nossos povos não é simples quimera dos homens, senão inexorável decreto do destino...

Simón Bolivar
A luta dos latinos americanos contra os velhos colonizadores e imperialistas de sempre

Neste ultimo sábado, dia 03 de julho, mais dois latinos deram adeus a copa de 2010 da África do Sul.
Pela manhã tivemos a derrota da Argentina por 4X0 diante da Alemanha. Pior que ver mais uma seleção de nossa America voltando para casa e ter que agüentar as provocações inúteis, de “brasileiros” contra nossos irmãos. Entretanto, pior ainda, é ver que tudo isso ajuda a repetir um discurso preconceituoso, em favor de uma rivalidade hipócrita, que é patrocinada, por grandes meios de comunicação e publicidade, que não atende os interesses desses dois povos, que afinal de contas, tem uma relação amistosa e fraterna em todas as areias. Porém com exceção, é claro, no futebol, até por que, é justamente, nesse setor, que se tem uma dominação sectária desses fanáticos, que impede, além de outras coisas, a união e a organização de nossa America, sobretudo no mundo do futebol. A todos os argentinos, meus sentimentos. Torci até o minuto final, infelizmente não deu. Que venha “2014”.
Mas o dia ruim, estava só começando para o futebol sul americano. À tarde assistimos a derrota do Paraguai diante da Espanha. Isso tudo depois da seleção paraguaia ter um gol anulado, pelo o árbitro da partida, um hondurenho e ainda ter desperdiçado um pênalti. No final do jogo, depois de vermos a seleção espanhola fazer um gol, só restou aguardar o apito final e solidarizar com o povo paraguaio a sua despedida da copa.
Assim como eu descrevi acima, os setores conservadores e dominantes, da sociedade brasileira, mostra que tem ódio e preconceito, não só do Maradona e companhia, eles também não perderam a oportunidade para debochar e desrespeitar dos paraguaios. [¹]
Então com as saídas de Brasil, Argentina e Paraguai, a tão sonhada e inédita “copa América” dentro de uma copa do mundo foi pro “ralo”. E pior, virou uma copa de potências européias, onde o provável é que uma delas vença o mundial, e use esse feito como discurso político para abafar a crise que esses países vivem, alienado, assim, parte do seu proletariado. Sem contar,que no campo futebolístico, recupera a hegemonia de títulos em relação ao continente latino americano.
Porém ainda resta uma última alternativa. Torcer pelo bicampeão do mundo (30-50), o Uruguai. Desde 70 que eles não iam tão longe no mundial. Só que agora foram calando a boca dos “especialistas” que sempre ignorarão os uruguaios como favorito, entretanto nunca deixarão de colocar como favoritíssima, a França, por exemplo, que só ganharia o seu título e com suspeitas de fraudes em 1998. [²]
A seleção uruguaia apesar de demonstrar que está melhor do que em outras edições é um pouco “inferior”, tanto na parte técnica como na física, em relação as suas adversárias. No próximo confronto, terça feira, contra as “laranjas mecânicas” terá que colocar o coração na ponta da chuteira e ter muita raça e amor ao seu povo para derrotar a Holanda. Essa partida deve ser encarada como uma “batalha” semelhante aos que seus libertadores tiveram no século XIX. O Jogo é dificílimo porém não impossível,até por que futebol bonito e merecimento eles tem e com sobra.

Mas por que então torcer pelos uruguaios?

Porque não é só apenas uma competição de futebol que está em jogo, o processo é muito mais complexo que podemos imaginar. Entre outras coisas o que está em jogo é a exportação de uma cultura dos “vencedores” com um discurso ideológico, que através do poder de propaganda dos organizadores e investidores fortalece mais ainda as ditaduras do capital e do mercado, presentes em todas as áreas no século XIX, inclusive no mundo do futebol. E que como de práxis, apropria do momento onde as massas estão fragilizadas, com uma grande dose de sentimentalismo e uma falta de pensamento critico para impor toda essa conjuntura de elementos, sem que haja uma reflexão daquilo que o povo passa a ingerir a partir desse momento.
O mundo deve impor contra esse tipo de imposição, considerando que o menos favorecido economicamente e culturalmente, o Uruguai, seja o apoiado nessa empreitada. Porém os latinos têm mais motivos para torcer em favor da seleção Uruguaia.
É hora de mostrar o valor da America latina diante de anos de sofrimento e opressão feita por essas mesmas nações que desde 1400 explorarão e aniquilaram quase toda nossa cultura nativa. É também hora de encarar o imperialismo e colonialismo que foram responsáveis por nosso sofrimento ao longo do tempo e que permanece até hoje, de frente, mas tendo a preocupação que o que estamos lutando é contra a dominação/exploração das elites desses países e não contra todo o proletariado europeu que também sofre.
Assim se pode usar o episodio para punir especificamente a política direitista da Alemanha que falseada de social-democracia, com toda certeza usará o título para desviar os problemas do país. Como punir as elites capitalistas da Espanha, que opressora de seus próprios povos (Bascos, Catalães e Galegos) terá nas mãos uma ótima oportunidade para desenvolver mais ainda sua política fascista, tanto no campo externo como no interno, e de brinde ganhará mais apoio popular podendo sair com a “santinha” da história.
Em termos de política no continente latino o Uruguaio é o único, agora, que representa a pátria grande de Bolívar e que tem no poder um governo progressista, de cunho socialista, bastante empenhado nos projetos do socialismo na America latina. Além disso, possui uma classe operária muito militante e consciente nas relações gerais do país. [³]
O que faz toda diferença para contrapor toda a essa imposição que o processo natural, de vitórias dos europeus, planeja executar.

Notas

[¹] O racismo das emissoras de TV do Brasil contra o povo paraguaio:
http://bulevoador.haaan.com/2010/07/03/o-nome-disso-e-racismo-vergonha-do-racismo-da-sportv-e-da-rede_globo/#more-14431
[²] A suspeita de venda do título do mundial de 1998:
http://blog.zequinhabarreto.org.br/2010/07/02/copa-1998-divulgado-o-escndalo-que-todo-mundo-suspeitava/
[³] A importância de torcer pelos países de classe operaria consciente:
http://ousarlutar.blogspot.com/2010/06/copa-do-mundo-e-os-marxistas.html


* Colaborador do blog Solidários (http://convencao2009.blogspot.com/) e do blog Ousar Lutar Ousar Vencer (http://ousarlutar.blogspot.com/).
doblogdoturquinho

A Europa e o controlo dos imigrantes

Como a Europa tenta integrar (ou controlar) os seus imigrantes

Vários países europeus têm testes de língua e cultura e outras medidas, como assinatura de contratos de direitos e deveres ou sistemas de pontos para os seus imigrantes. A ideia, dizem os governos, é promover uma imigração com potencial de integração. Outros acusam os governos de tentarem simplesmente limitar o número de residentes estrangeiros no seu território e as naturalizações.

A ideia dos testes de inteligência para os imigrantes, avançada por um político conservador alemão, foi o pretexto para uma visita a várias destas políticas em países europeus.

Alemanha

A polémica surgiu dentro e fora da Alemanha quando Peter Trapp, especialista em política interna do partido da chanceler Angela Merkel, sugeriu que se fizessem testes de inteligência para os imigrantes que queiram viver e trabalhar no país. "Para além de educação e qualificação profissional, devíamos ter em conta a inteligência. Sou a favor de testes de inteligência para imigrantes." A ministra da Integração, Maria Böhmer, reagiu logo, dizendo que a própria sugestão "não revela muita inteligência".

As principais dificuldades para os imigrantes na Alemanha são a língua e o facto de o país limitar a dupla cidadania. Imigrantes a viver na Alemanha que desejem obter a autorização de residência têm já de fazer testes de língua (em que lhes é exigido um nível básico, ou seja, devem conseguir expressar-se sobre a vida quotidiana) e ainda um teste de conhecimentos sobre a sociedade alemã.

A Alemanha introduziu ainda, em Setembro de 2008, um teste de naturalização para os imigrantes que queiram obter a cidadania. Trata-se de um teste de cultura, história e democracia, com 33 questões de escolha múltipla - desde quantos estados federados tem a Alemanha até porque se ajoelhou Willy Brandt no antigo gueto de Varsóvia. Das 33 perguntas, 17 têm de ter resposta correcta.

Uma outra medida, proposta pela comissária alemã da Integração (que ainda não está em vigor, mas que o Governo quer adoptar durante esta legislatura), é a assinatura de um contrato pelo imigrante dizendo que aceita certos valores (liberdade de imprensa ou direitos iguais para as mulheres, por exemplo) quando decidir ir viver para a Alemanha. O projecto deverá começar a ser testado este ano em regiões-modelo, com voluntários.

O número de pessoas a pedir a nacionalidade alemã tem vindo a baixar: em 2000, naturalizaram-se mais de 186 mil pessoas, em 2004 foram pouco mais de 127 mil. Nos anos de 2008 e 2009, houve na Alemanha mais pessoas a emigrar do que a imigrar, contrariando uma tendência de décadas. O país tem cerca de 15 milhões de imigrantes, numa população total de 82 milhões, e o maior grupo é de origem turca (cerca de três milhões).

Reino Unido

O Reino Unido está num período de consulta em relação ao estabelecimento de um limite anual para a imigração de fora da União Europeia. O Governo de David Cameron quer reduzir os números da imigração dos anos 1990, para "dezenas de milhares, e não centenas de milhares", segundo o Ministério do Interior. Já está em vigor um limite temporário, para evitar um pico de imigração em antecipação das restrições.

O país tem, desde 2005, testes de língua, assim como de cultura e costumes para os imigrantes que requerem a cidadania (no ano passado, foram mais de 193 mil). As perguntas vão desde legislação até história, passando por questões relativas ao dia-a-dia (como pagar impostos, etc...). Quando um residente recebe a cidadania, tem obrigatoriamente de participar numa cerimónia solene em que presta lealdade à pátria e à Rainha e recebe as boas-vindas à sociedade.

Enquanto isso, o Reino Unido tenta também livrar-se de imigrantes de outros países europeus que estejam em situação precária, sem trabalho e sem meios de regressar a casa: uma das últimas medidas é oferecer bilhetes de avião, só de ida, a sem-abrigo vindos de países europeus. Esta medida está em vigor há 18 meses e já permitiu o regresso a casa de centenas de pessoas, segundo o Ministério do Interior. Outros países europeus têm tentado levar a cabo esta medida, para imigrantes de fora da UE: a União Europeia criou um fundo de 676 milhões de euros em cinco anos para a repatriação voluntária de imigrantes ilegais.

Em 2007, a imigração atingiu no Reino Unido um pico de 237 mil por ano (a recessão fez entretanto com que caísse). A maioria dos imigrantes é de origem asiática.

França

Há cerca de duas semanas terminaram seis semanas de protestos de imigrantes ilegais em Paris. Os sans-papiers exigiam documentos que lhes permitissem trabalhar e protestaram contra as leis aprovadas em Novembro que dificultam as reunificações familiares e facilitam as expulsões dos ilegais, que serão cerca de meio milhão.

Este não é o único caso polémico em relação à imigração em França: o Governo de Nicolas Sarkozy anunciou a intenção de fazer com que quem queira naturalizar-se tenha de assinar uma carta de direitos e deveres - um "contrato para ser francês". Esta carta porá a tónica no "respeito pela república e em especial pelo princípio de igualdade entre homens e mulheres", segundo o primeiro-ministro francês, François Fillon. O tema da integração versus tradição tem sido bastante explorado com a questão da proposta de proibição do véu integral (burqa ou niqab). O Executivo gaulês tenciona ainda que a assinatura desta carta seja feita numa sessão solene, como a cerimónia britânica (ou espanhola). Todos os anos, cerca de 100 mil estrangeiros adquirem a nacionalidade francesa - ou seja, quatro por cento da população estrangeira em França, dizem dados do Governo. A média europeia é de dois por cento.

Itália

O Governo de Sílvio Berlusconi tem feito correr muita tinta com as suas medidas drásticas contra a imigração ilegal - quem estiver ilegalmente no país pode ser multado até 100 mil euros e ser preso até seis meses, enquanto quem hospedar imigrantes sem documentos poderá ser condenado a até três anos de prisão; além disso, médicos que tratem imigrantes clandestinos podem agora reportá-los às autoridades.

Entretanto, o país prepara um sistema de pontos para a autorização de residência, uma ideia da Liga Norte, um dos partidos da coligação governamental. O Ministério do Interior anunciou no mês passado este procedimento, para jovens com idades entre os 16 e os 25 anos que queiram viver em Itália. O candidato tem de assinar um "pacto de integração", comprometendo-se a respeitar uma carta de valores de boa cidadania.

O imigrante começa com 16 pontos, e o objectivo é obter 30. Os pontos são conseguidos com a frequência de cursos de treino vocacional, contratos para arrendar ou comprar casa, ou ainda trabalho voluntário, explica a agência noticiosa Ansa. Se faltar aos cursos ou for condenado por crimes ou delitos fiscais, perderá pontos. Caso perca todos os 30 pontos, o imigrante será expulso.

No início deste ano, os trabalhadores estrangeiros organizaram um dia de greve com o objectivo de protestar contra as leis de imigração, cada vez mais apertadas, e de mostrar como são importantes para a economia italiana. O número de estrangeiros a residir em Itália é de quase quatro milhões, quase o dobro do número de 2001. Todos os anos chegam cerca de 37 mil imigrantes ao país.

Espanha

As medidas de integração em Espanha variam conforme as administrações locais, mas os cursos de integração para imigrantes que os queiram fazer são comuns. Após um a cinco anos de residência, os imigrantes podem pedir a nacionalidade, que receberão se tiverem demonstrado "boa conduta cívica" e "um grau suficiente de integração", explica o diário espanhol El País. A cidadania é concedida numa cerimónia solene com uma promessa de fidelidade ao Rei e obediência à Constituição.

A Espanha só aprovou recentemente legislação para facilitar que cientistas estrangeiros trabalhem no país, em linha com uma directiva da UE de 2005 : aliás, o facto de a Espanha ter sido demasiado lenta a aplicar esta directiva tinha dado origem a um processo da Comissão Europeia no Tribunal de Justiça da UE.

Espanha tem 5,7 milhões de imigrantes numa população de mais de 46 milhões (cerca de 12 por cento).

Fonte: Público

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Esta notícia não me surpreende. Não poderia esperar outra coisa desta Europa, onde a xenofobia e a perseguição aos imigrantes é cada vez maior. No entanto, fiquei chocada e considero extremamente humilhante os testes de inteligência, propostos por um conservador alemão. Este tipo de medidas faz-me lembrar os tempos do nazismo e a crença de Hitler na superioridade da raça ariana. Só mesmo uma mente preconceituosa e xenófoba é que pode achar que alguém é mais ou menos inteligente, por ter optado pela via da imigração.

Já que gostam tanto de testes, porque não fazem testes de inteligência e de aptidão para a escumalha que governa a Europa? Aposto que a maioria chumbava...
dacidadãdomundo

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