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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

sexta-feira, julho 09, 2010

Por um novo logo para a Copa de 2014


Alexandre Wollner, um dos mais respeitados designers brasileiros, disse em entrevista que a marca da Copa de 2014 é uma porcaria, parece alguém com vergonha, e o processo para sua escolha foi antiético. A ADG, a Associação dos Designers Gráficos, foi consultada pela FIFA, mas foi excluída de conduzir um concurso entre designers, o que gerou protestos.

Em post sobre o assunto no blog do Luis Nassif, uma boa idéia surgiu para materializar os protestos e tentar uma solução honrosa, ética e progressista para salvar algo que começa errado: um concurso entre designers brasileiros para uma marca open source. Um modelo paralelo ao oficial, em protesto ao modelo adotado, que valorize nossas nossas referências e dignifique o design brasileiro.

Estou certo que entidades como a ADG e a parte mais consciente da sociedade brasileira abraçará a idéia. Fora o centralismo venal de Ricardo Teixeira! Viva a arte, o futebol, o design e os valores brasileiros!

doabundacanalha



Tire suas conclusões


CBF, uma CNI que dá lucro. Pode isso, Arnaldo?

Flávio Gomes escreveu isto no seu Blog da Copa. O Rob Gordon achou bom, mas quixotesco; o Gravataí Merengue achou que era um monte de merda e devolveu com isto. E eu? Eu vou de mundo corporativo, sindicatos, verminose e outros bichos.
A CNI (todos devem saber) é a Confederação Nacional das Indústrias, entidade sem fins lucrativos que congrega as Federações das Indústrias estaduais (FIESP, FIRJAN, etc.). O mesmíssimo esquema que temos na CBF, a entidade que congrega as federações futebolísticas. Mas existe uma diferençazinha aí: A CNI existe para defender os interesses das indústrias, e a CBF existe para defender os interesses DELA MESMA (como se autônoma fosse).
A CBF é uma fábrica de futebol disfarçada de entidade de classe que ganha MUITO dinheiro arrancando temporariamente jogadores dos clubes e vendendo sua própria imagem – construída, é claro, pelos clubes e seus atletas -, mas dá uma banana a todos eles.você, que torce pro teu time de coração (NINGUÉM aqui TORCE PRA CBF, ok?), se contenta com a sobra (Washington, Souza, Marquinhos…). Aí, a cada quatro anos, você pode se deleitar com os craques que nunca viu ou verá jogar no estádio. Exatamente como as seleções africanas, não? Afinal, quem elege o presidente da CBF são as entidades regionais. Para a CBF, TANTO FAZ ONDE O CARA JOGUE, ela convoca do mesmo jeito. Se os clubes brasileiros quebrarem, FODA-SE, aqui é um criadouro de craques, exporta pra quem pagar melhor e
Em última análise, não faz sentido a qualquer um ser representado por alguém que visa ao lucro ou obtém superávits absurdos praticando a mesma atividade que você (a CBF “não visa ao lucro”, mas superávit não falta por lá e ela “tem um time”), pois, em vez de representante, o ente classista pode tornar-se inimigo do associado que diz representar, caso seu próprio interesse assim exija. Alguém imagina a CNI montando uma “fábrica temporária” de carros com empregados e máquinas “convocadas” da FIAT, VW, Ford? Pois é, então.
Ah, mas quem elege as federações regionais são os clubes! Claro, naquele velho esquema onde o voto do SPFC, do SCCP ou qualquer clube grande vale o mesmo que o do Atlético Sorocaba do Reverendo Moon. E é exatamente aí que reside a diferença entre a CNI e a CBF: se entre as indústrias existe articulação política para que o presidente da FIESP seja alguém comprometido com os associados e eleja, consequentemente, para a CNI alguém com as idéias desses mesmos associados, para a FPF é eleito alguém de interesse DA PRÓPRIA CBF. E como ela é a única entidade classista capaz de gerar receita “própria” e é fiscalizada por ninguém, quem entra não larga o osso! Isto explica o porquê do Ricardo Teixeira estar lá há 21 longos anos. E ficará quanto mais tempo desejar. E colocará em seu lugar quem ele quiser. E os clubes permanecerão na pindaíba que estão, dependendo, de tempos em tempos, de “operações salvadoras” como timemanias, REFIS e outras benesses governamentais. As indústrias também quebram – e também recebem benesses governamentais -, mas não por ingerência ou CONCORRÊNCIA da CNI ou da FIESP.
E a solução? os CLUBES têm de eleger seus representantes de classe. Mas como, se a estrutura não muda? ORA, CORROMPA-SE a estrutura! Os grandes clubes têm de se ASSOCIAR aos pequenos, montando células à prova de corrupção Cebeefense e lançar candidatos próprios, que contarão com os votos dos grandes E dos pequenos associados. Uma maioria constituída fora dos corredores das federações. É muito mais fácil, rápido e democrático do que ficar lutando contra o “voto unitário”, coisa que alguns fazem há 20 anos e não dá em nada.
Do jeito que está aí, os clubes ficarão sempre fracos, mas a CBF será cada vez mais forte, como uma lombriga que enfraquece o hospedeiro e cresce sem parar dentro de seu intestino. Dizem que lombriga mata o homem, mas demora bastante. Vão esperar até quando?

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