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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

terça-feira, julho 13, 2010

Trem Bala Quem sabe Faz






LULA CONCORDA CONOSCO E DIZ QUE O POVO BRASILEIRO É TRATADO COMO UM "BANDO DE IDIOTAS"

Lula critica os que veem 'bando de idiotas' planejando obras da Copa

Presidente fez declaração durante cerimônia de lançamento do trem-bala.
Ele rebateu crítica sobre atraso nas obras, mas não disse a quem se referia.


O presidente Luiz Inácio Lula da Silva fez nesta terça um desabafo em referência às críticas sobre o suposto atraso das obras de infra-estrutura para a Copa do Mundo de 2014, no Brasil.

“Terminou a Copa da África agora e já começam a dizer: ' Cadê os aeroportos brasileiros? Cadê os corredores de ônibus brasileiros? Cadê os corredores de trens do Brasil?' Enfim, como se nós fôssemos um bando de idiotas que não soubéssemos fazer as coisas e definir as nossas prioridades.”

O presidente deu a declaração durante cerimônia de anúncio dos termos do processo de concessão para a construção do trem-bala que irá ligar São Paulo e Rio de Janeiro.

Segundo ele, o Brasil terá condições de inaugurar o empreendimento em 2016, ano em que o país sediará os Jogos Olímpicos, no Rio.

“Queremos que esteja pronto até as Olimpíadas de 2016. Acho plenamente possível inaugurar essas obras até 2016. A gente pode acertar qualquer coisa desde que o objetivo seja entregar a obra da melhor qualidade possível e no menor prazo possível”, afirmou Lula.

O presidente lembrou as dificuldades enfrentadas pelo governo para chegar à apresentação dos termos do processo de concessão do trem-bala.

“Não foi uma tarefa fácil. Muitas vezes abriu-se mapas e documentos e projetos do TAV [Trem de Alta Velocidade] e muitas vezes se pensou que era impossível de fazer, que muitas empresas não queriam participar, que muitos países não queriam entrar. Acho que o Brasil precisa e São Paulo e Rio de Janeiro precisam do trem porque são duas cidades mais importantes do Brasil.”

A ministra-chefe da Casa Civil, Erenice Guerra, afirmou que o empreendimento “mostra o amadurecimento” do Brasil na área de investimentos.

“O trem-bala mostra amadurecimento do país. É sinal de maturidade econômica e de estabilidade do país. Esse empreendimento muda o patamar de investimentos do Brasil”, afirmou Erenice.

Licitação
O aviso de licitação estará disponível no site da ANTT a partir desta quarta-feira (14). As empresas interessadas em participar do empreendimento terão de entregar os envelopes com a documentação solicitada pelo governo até 29 de novembro na sede da BM&F Bovespa. O leilão está marcado para ocorrer no dia 16 de dezembro.

Nova estatal
Documento distribuído pelo governo mostra as principais competências e atribuições da nova estatal vinculada ao Ministério dos Transportes que irá operar o transporte de alta velocidade.

“Ela terá a missão de planejar o desenvolvimento do transporte ferroviário de alta velocidade de forma integrada com as demais modalidades de transporte, por meio de estudos, pesquisas, administração e gestão de patrimônio, desenvolvimento tecnológico e atividades destinadas à absorção e transferência de tecnologias”, mostra o texto.

A ETAV (Empresa de Transporte de Alva Velocidade) estará sujeita a regime jurídico próprio de empresas privadas “inclusive quanto aos direitos e obrigações civis, comerciais, trabalhistas e tributários”. Ela vai ser organizada sob a forma de sociedade anônima de capital fechado.

Ainda de acordo com o documento, a empresa terá missão de elaborar estudos de viabilidade técnico-econômica e de engenharia para a ampliação do transporte ferroviário de alta velocidade e ainda buscar fomentar a indústria nacional na incorporação de tecnologia. “Planejar e promover a disseminação e a incorporação das tecnologias utilizadas e desenvolvidas no âmbito do transporte ferroviário de alta velocidade em outros setores da economia”, informa o texto.

Em curto prazo, a nova estatal terá de capacitar trabalhadores para a atuação no projeto e na operação e manutenção do trem-bala. A empresa também irá supervisionar as obras de infraestrutura em torno da implantação do sistema de operação do transporte.

Diário Oficial
O Conselho Nacional de Desestatização (CND), ligado ao Ministério do Desenvolvimento, publicou no "Diário Oficial da União" desta terça, o processo de concessão do trem-bala, último detalhe que faltava ser definido para a Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) publicar o edital que define os detalhes técnicos do empreendimento.


Figura 1. Representação esquemática do traçado referencial e estações


Fonte: Relatório Halcrow/Sinergia (Volume 2– Estudos de Traçado).



No entanto, a freqüência de paradas nas estações é função dos tipos básicos de serviços a serem ofertados, definidos em razão do perfil da demanda.




A tabela 1 apresenta os trechos e sua correspondente extensão ao longo do traçado estudado:

Tabela 1. Características do traçado referencial


Fonte: Relatório Halcrow/Sinergia (Volume 2– Estudos de Traçado).

Pela resolução, a União constituirá uma empresa pública por ela controlada, que deterá participação acionária em Sociedade de Propósito Específico (SPE), a quem será outorgada a exploração da concessão. A licitação ocorrerá por meio de leilão na BM&F Bovespa e o critério de julgamento será o menor valor da tarifa-teto, observado o valor máximo de R$ 0,49 por quilômetro.

De acordo com a resolução, pelo menos 60% dos lugares de cada composição deverão pertencer à classe econômica. A concessionária poderá pleitear financiamento com recursos públicos, respeitado o limite máximo de 60,3% do valor dos investimentos, estimados em R$ 33,1 bilhões – ou de R$ 19,9 bilhões, o que for menor. O financiamento poderá ser concedido por instituição financeira pública federal desde que assegurada a garantia da União para a totalidade da dívida.

Trem de Alta Velocidade (TAV)
Conceito e Vantagens
Evolução do sistema de trens de alta velocidade no mundo
Iniciativas no Brasil


Conceito e Vantagens
Sistemas ferroviários de alta velocidade utilizados no transporte de passageiros compreendem, em geral, linhas ferroviárias projetadas e construídas para trens capazes de desenvolver velocidades iguais ou superiores a 200 km/h.

A ferrovia de alta velocidade se mostra mais adequada quando opera entre pares de cidades em que a distância entre elas fica na faixa de 500 a 600 km. Acima dessa distância, a viagem aérea torna-se mais competitiva e a participação relativa de mercado da ferrovia de alta velocidade fica menor.

De forma geral, em função de suas características, a implantação e operação desses sistemas estão associadas às seguintes vantagens:

- indução ao desenvolvimento regional, aliviando áreas de maior densidade urbana;

- redução de gargalos dos subsistemas de transporte aeroportuário, rodoviário e urbano;

- postergação de investimentos na ampliação e construção de aeroportos e de rodovias;

- menor uso do solo comparado à construção ou ampliação de rodovias;

- redução de impactos ambientais e emissão de gases poluentes em decorrência do desvio da demanda do transporte aéreo e rodoviário para o TAV;

- redução dos tempos de viagem associados à baixa probabilidade de atrasos;

- aumento do tempo produtivo para os usuários;

- geração de empregos diretos e indiretos;

- redução dos níveis de congestionamento e do número de acidentes em rodovias.


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Evolução do sistema de trens de alta velocidade no mundo
A partir do primeiro trem, que começou a operar em 1964 no Japão, houve uma expansão considerável da utilização dos sistemas de trens de alta velocidade no mundo. Esses sistemas, que tecnologicamente continuam em constante evolução em termos de segurança e velocidade de operação, ampliaram sua rede. Um conjunto de países, desenvolvidos e em desenvolvimento, estão aderindo a essa alternativa de transporte de passageiros, conforme revelam a tabela 1 e as figuras 1 e 2.


Como exemplo dessa evolução, cita-se que a velocidade operacional que inicialmente era de 210 km/h, já alcança 350 km/h. Os fabricantes de material rodante estão lançando a próxima geração de trens, em sua maioria de unidades múltiplas de melhor desempenho energético e potencial de velocidade de 350 a 400 km/h.


Tabela 1 Principais sistemas de trens de alta velocidade
no mundo em operação, construção e planejamento



Fonte: Relatório Halcrow/Sinergia (Volume 4 – Operação e Tecnologia – Parte 2) e Barrón de Angoiti, Ignácio. High speed rail systems in Europe and across the world. 6th Training on High Speed Systems. Paris, 8 June 2009.


Figura 1 Sistemas de trens de alta velocidade existentes no mundo por velocidade operacional


Fonte: Barrón de Angoiti, Ignácio. High speed rail systems in Europe and across the world. 6th Training on High Speed Systems. Paris, 8 June 2009.


Figura 2 Evolução da rede global de trens de alta velocidade
Fonte: Barrón de Angoiti, Ignácio. High speed rail systems in Europe and across the world.
6th Training on High Speed Systems. Paris, 8 June 2009.



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Iniciativas no Brasil
No Brasil, já há algum tempo, a viabilidade da implantação de um sistema ferroviário de alta velocidade no eixo Rio – São Paulo vem sendo objeto de estudos, conforme se observa na relação a seguir:

- Estudo Preliminar do Transporte de Passageiros no Eixo Rio de Janeiro / São Paulo (1ª fase) 1981 – GEIPOT / SNF;

- Relatório de Viabilidade para Trem Rápido – Rio de Janeiro/São Paulo – 1986 – Davi British Rail International;

- Projeto de Transporte de Passageiros no Eixo Rio de Janeiro/São Paulo – 1987 – Mitsui/Co. Ltd;

- Trem Pendular Talgo como Solução para o Transporte de Passageiros entre Rio de Janeiro e São Paulo – 1987.

Mais recentemente, em meados dos anos 90, o governo brasileiro, no âmbito de um acordo de cooperação com o governo alemão, realizou um estudo denominado “TRANSCORR” com o objetivo de identificar investimentos para modernização do sistema de transporte no corredor Rio de Janeiro - São Paulo - Campinas.

Tal estudo indicou a necessidade de implantação e detalhou um sistema de trens de alta velocidade como solução para o transporte de passageiros no corredor que serviu de referência para os estudos atuais.

Em 2004, a empresa italiana Italplan desenvolveu um estudo indicando a possibilidade de realização de um projeto de ligação ferroviária entre as cidades do Rio de Janeiro e São Paulo, sem paradas intermediárias, por meio de concessão à iniciativa privada.

Pelo Decreto nº 6.256/07, o Governo Federal incluiu no Programa Nacional de Desestatização – PND a Estrada de Ferro – 222 destinada à implantação de trem de alta velocidade, ligando os Municípios do Rio de Janeiro, São Paulo e Campinas. Foi atribuido ao Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social – BNDES a responsabilidade de contratar e coordenar os estudos técnicos e fornecer o apoio técnico necessário à execução e acompanhamento do processo de desestatização da infraestrutura e da prestação de serviço de transporte terrestres relativos ao TAV Brasil.

Pelo mesmo instrumento legal, coube ao Ministério dos Transportes a responsabilidade pela execução e acompanhamento o processo de licitação da concessão do direito de exploração do serviço de transporte ferroviário de passageiros por sistema de alta velocidade. A ANTT foi incumbida de promover os procedimentos licitatórios e celebrar os atos de outorga de direito de exploração de infraestrutura e prestação de serviço de transporte terrestre relativos ao TAV Brasil.

Em 2008, a fim de dar cumprimento ao disposto no Decreto no 6.256/07, foram contratados serviços de consultoria para estudar a viabilidade técnica, econômica e financeira do empreendimento, tendo como referência inicial os estudos do TRANSCORR. O Consórcio executou estudos detalhados de demanda, traçado, análise econômica e financeira/modelagem de concessão, operação e tecnologia e estudos ambientais.

A Lei 11.772/08, que modificou a Relação Descritiva das Ferrovias do Plano Nacional de Viação, constante do Anexo da Lei nº 5.917/73, incorporou o trecho ferroviário interligando as cidades do Rio de Janeiro, São Paulo e Campinas, destinado a operar sistema de trem de alta velocidade.

O TAV - Trem de Alta Velocidade brasileiro


E o Brasil vai entrar para o clube dos países que têm o ‘trem bala’, transporte de alta velocidade que dará à população mais uma opção de qualidade para se deslocar pelo País. O edital de concorrência do projeto que ligará Campinas (SP) ao Rio de Janeiro (RJ), passando por São Paulo, foi lançado hoje em Brasília pelo presidente Lula e atraiu o interesse inicial de sete países.
No infográfico acima você tem mais detalhes do projeto. Outras informações podem ser obtidas na página oficial do empreendimento.

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