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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

quinta-feira, julho 08, 2010

Vai partir nova missão de Paz à Palestina quem quiser ir pode se inscrever






Europeus querem Brasil na segunda flotilha de ajuda à Palestina



Parlamentares, jornalistas e ativistas brasileiros foram convidados a participar da segunda flotilha de ajuda humanitária à Faixa de Gaza que está sendo organizada pela campanha Européia Freedom Flotilha II. Nesta quarta-feira (7), representantes das entidades responsáveis pela Campanha estiveram na Câmara e no Senado para fazer o convite. O grupo também cumpre agenda em São Paulo, onde será ciceroneado pelo vereador do PCdoB, Jamil Murad.

O grupo é o mesmo que foi atacado por forças israelenses no final de maio, quando tentava romper o bloqueio imposto por Israel para fazer chegar ajuda a Gaza. No ataque, nove ativistas foram mortos pelos militares israelenses.

Do grupo em visita ao Brasil participam Mohammad Abdel Qader, médico, membro fundador da União dos palestinos europeus e Moh'd Mah'd Ahmad Hannoun, arquiteto, co-fundador da Assembleia Geral dos Palestino na Europa e da European Campaign to end the Siege on Gaza. A entidade é integrada por mais de trinta ONGs e organizações civis voltadas para a defesa dos interesses palestinos.

Segundo Hannoun, a proposta é reunir 20 navios na próxima flotilha – a primeira tinha apenas sete – com políticos, jornalistas e ativistas do maior número possível de países. Ele disse que quer que um ou mais navios saiam do Brasil, com bandeira brasileira, para unir-se a flotilha. Com isso, eles querem mostrar o compromisso de todo o mundo com a suspensão do bloqueio “genocida” à Faixa de Gaza.

Ele disse que além da ajuda humanitária, como alimento, remédios e material de construção, a flotilha quer levar mensagem de solidariedade ao povo palestino e chamar atenção do mundo para o bloqueio à Gaza. “Israel impede a entrada de tudo o que serve para sobrevivência. Muitas pessoas vivem na rua porque não tem material para reconstruir as casas destruídas nos conflitos”, contou Hannoun.
Abdel Qader, que também falou, disse que eles decidiram pedir apoio político ao Brasil porque o país tem uma posição política avançada. E que conta com os amigos brasileiros na luta pela formação de um estado palestino livre e autônomo. Ele disse que a questão da Palestina é de todo o mundo, que não pode ficar calado diante do sofrimento de 62 anos do povo palestino.

Ataque “feroz e desumano”

A jornalista italiana Angela Lano, que também faz parte do grupo que visita o Brasil, contou como foi o ataque à primeira flotilha. Ela esteva a bordo do navio de bandeira turca Mavi Marmara, atacado pelas forças armadas de Israel no dia 31 de maio.

Ela definiu o ataque de homens fortemente armados, à noite, em águas internacionais, como “feroz e desumano”. Ela contou que no navio principal, os ativistas usaram cadeiras e vassouras para se defenderem, mas no navio em que ela estava, com jornalistas em sua maioria, eles não esboçaram nenhum reação e ainda assim seis pessoas, inclusive o capitão do navio, foi gravemente ferido.

A jornalista italiana contou que além do uso desproporcional da força usada pela exército israelense, os ativistas e jornalistas foram sequestrados, levados para a prisão e tiveram todos os bens roubados – máquinas fotográficas, filmadoras e também dinheiro e cartões de crédito. A carga humanitária, com remédios, cadeiras de roda e até 100 casas pré-fabricadas, que custou cerca de 15 milhões de euros também foi roubada por Israel.

Brasileiros em campanha

O deputado Nilson Mourão (PT-AC), presidente do Grupo Parlamentar, explicou que a data prevista para a saída da flotilha – até 20 de setembro, coincide com o período eleitoral no Brasil, mas se comprometeu em divulgar junto aos parlamentares o convite da delegação européia.

Ele salientou a importância da flotilha para conscientizar o mundo da “persistente perversidade que vem sendo praticada pelo governo israelense há três anos na Faixa de Gaza, humilhando 1,5 milhão de pessoas. O cerco a Gaza é ilegal, já foi condenado pela ONU e pela comunidade internacional, mas Tel-Aviv continua a manter a ocupação que criou um verdadeiro campo de concentração a céu aberto”, disse.

O grupo também esteve, no período da manhã, na Associação dos Docentes da UnB (Universidade de Brasília), onde participaram de um debate sobre a questão palestina com estudantes e professores. À noite, a delegação encontrou o conselheiro encarregado de Negócios da embaixada da Palestina, Salah El-Qatta.

Serviço:
Quem quiser participar da Flotilha II pode se inscrever no site www.savegaza.eu/eng/


VERMELHO

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