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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

domingo, agosto 01, 2010

O fascista e hipócrita Netanyahu rasga acordos e confessa






Israel: Netanyahu confessa em vídeo secreto ter destruído o acordo de Oslo


Um vídeo revelado pelo canal 10 israelense causou arrepios de Binyamin Netanyahu, o primeiro-ministro israelense, que deve estar rezando para não se espalhar pelo mundo.
Seu conteúdo ameaça constranger seriamente não só Netanyahu, mas também a administração de Barack Obama, o presidente dos Estados Unidos. O vídeo foi filmado, aparentemente, sem o conhecimento de Netanyahu, nove anos atrás, quando o governo de Ariel Sharon começou a invadir as principais cidades da Cisjordânia para esmagar a resistência palestina nos estágios iniciais da segunda Intifada. Na época Netanyahu havia se afastado um pouco da política, mas logo se juntou ao governo de Sharon como ministro das Finanças. Em uma visita a uma casa no assentamento judaico de Ofra, na Cisjordânia para prestar condolências à família de um israelense morto em confrontos com palestinos, ele faz uma série de revelações sobre seu primeiro período como primeiro-ministro de Israel de 1996 a 1999. Sentado em um sofá na casa, ele pede para desligar a câmera antes de dizer à família que enganou o presidente dos Estados Unidos da época, Bill Clinton, fazendo-o acreditar que desejava ajudar a implementar o acordo de Oslo – um acordo apoiado pelos Estados Unidos para a paz entre Israel e os palestinos – usando de pequenas retiradas da Cisjordânia, enquanto, na verdade, ele consolidava a irreversibilidade da ocupação. No vídeo Netanyahu se gaba de destruir o acordo de Oslo dessa forma. Ele ainda afirma que “os Estados Unidos podem ser manipulados facilmente para a direção certa (para Israel)” e chama de “absurdos” os altos níveis de apoio popular norte-americano para com Israel. Netanyahu também sugere que, longe de ser defensiva, a dura repressão militar israelense da revolta palestina foi projetada principalmente para esmagar a Autoridade Palestina liderada por Yasser Arafat, para que pudesse ser mais flexível e aceitar as exigências israelenses. Todas essas alegações tem paralelos óbvios com a situação atual, com Netanyahu novamente como primeiro-ministro de Israel, enfrentando a Casa Branca e se opondo à sua política de reativar o processo de paz e limitar a expansão dos assentamentos israelenses em territórios palestinos ocupados. Como no passado, ele tem aparentemente feito concessões públicas à administração dos Estados Unidos concordando em princípio com a criação de um Estado palestino, autorizando a realização de conversações indiretas com a liderança palestina em Ramallah, e declarando um congelamento temporário na construção de assentamentos. Mas, os mesmo tempo, ele pediu ao poderoso lobby pró-Israel para exercer pressão sobre a Casa Branca, que parece ter cedido suas exigências mais importantes, e manteve na prática a expansão dos assentamentos, a desapropriação e expulsão dos palestinos, o bloqueio a Gaza, e não permite a criação do Estado Palestino. A visão desdenhosa de Netanyahu sobre Washington demonstrada pelas suas próprias palavras no filme, e as confissões orgulhosas de ter destruído o acordo de paz confirmam as suspeitas de muitos observadores – incluindo os líderes palestinos – que acusam Netanyahu de má fé quanto à busca pela paz no Oriente Médio. Escrevendo no jornal israelense Ha’aretz liberal, o colunista Gideon Levy chamou o vídeo de “escandaloso” e prova que Netanyahu foi um artista “que acredita ter Washington no bolso e pode enganá-la quando desejar”. Ele acrescentou que o primeiro-ministro não mudou ao longo dos anos. No filme, Benjamin Netanyahu diz que Israel deve provocar “sopros (ataques sobre os palestinos), tão dolorosos, que o preço seria muito pesado para ser suportado … Um amplo ataque à Autoridade Palestina, para aterrorizá-la e fazê-la acreditar que tudo está em colapso”.
Quando perguntado se os Estados Unidos podem se opor a isso, ele responde: “A América é algo que pode ser facilmente manipulado. Mudado para a direção certa … Eles não vão ficar no nosso caminho … Oitenta por cento dos norte-americanos nos apóiam. É um absurdo”.
Ele então conta como lidou com o presidente Clinton, a quem ele se refere como “extremamente pró-palestino.. Eu não tinha medo de entrar em conflito com Clinton”. Netanyahu teria usado um conselho de seu avô para fracassar as demandas da Casa Branca pela retirada do território palestino sob o acordo de Oslo. Diz ele: “Como meu avô diria, é melhor dar 2% do que 100%”. Ele assinou o acordo de 1997 para retirar o Exército israelense de grande parte de Hebron, a última cidade palestina sob ocupação direta, como forma de evitar maiores concessões de territórios palestinos.
“O truque”, diz ele, “não é continuar lá (no território ocupado) e falir, o truque é estar lá e pagar um preço mínimo.”
O “truque” que paralisou a retirada israelense foi ditar que só Israel pode definir as “zonas militares de segurança” nos territórios palestinos ocupados sob o acordo de Oslo. Netanyahu exigiu por escrito tal poder, com isso podia manter a ocupação de forma justificada pelo acordo. “Eles não queriam me dar esta carta, então não dei a eles o acordo da retirada de Hebron. Parei a reunião do governo, e disse: ‘Eu não vou assinar. Apenas quando a carta chegar eu assino o acordo de Hebron’. Por que isso importa? Porque naquele momento eu realmente parei o acordo de Oslo” confessou Netanyahu.

Fonte: Blogue do Atheneu
cidadãdomundo

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