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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

sábado, janeiro 07, 2012

Alckmin troca indexador para encarecer pedágios

                             

Alckmin troca indexador para encarecer pedágios Foto: DIVULGAÇÃO

Quando o IGPM era maior, as concessionárias, ligadas a grandes empreiteiras, reajustavam tarifas pelo IGPM; agora que o IPCA é maior, elas terão o IPCA; São Paulo tem os pedágios mais caros do mundo

06 de Janeiro de 2012 às 08:48
247 – O motorista brasileiro que circula pelas estradas de São Paulo gasta tanto quanto um francês ou um norueguês de pedágio, mas com uma pequena diferença : nesses países, o trabalhador ganha até cinco vezes mais. Essa discrepância deve aumentar. O governo do Estado publicou ontem alterações nos contratos de concessão das rodovias. O novo indicador que será usado como base, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), está mais alto do que o antigo, o Índice Geral de Preços do Mercado (IGP-M).
A troca de índices foi anunciada em junho do ano passado, pois, segundo a Agência Reguladora de Transportes do Estado de São Paulo (Artesp), havia a necessidade de uniformizar os índices que regulam todas as concessões. O IGP-M acumulado dos últimos 12 meses na época do anúncio era de 8,64%, enquanto o IPCA era de 6,71%. No entanto, desde então, o IPCA subiu mais do que o outro indicador. Em dezembro, o acumulado anual do IPCA foi de 6,56% e o IGP-M, de 5,09%.
Ainda assim, a Agência de Transporte do Estado de São Paulo afirma que o objetivo da mudança é adotar "um fator de reajuste mais próximo da realidade dos usuários". Para reduzir os valores praticados, o governo estuda ainda a cobrança de pedágio por trecho percorrido da rodovia. O cálculo seria feito por antenas e chips instalados nos carros. O projeto-piloto será testado, ainda neste ano, na Rodovia Santos Dumont (SP-075).

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