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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

sábado, janeiro 14, 2012



BRASIL ELEGE A PRIMEIRA MULHER PRESIDENTE DA SUA HISTÓRIA

O dia de hoje é histórico. Pela primeira vez, o Brasil elege uma mulher para presidência da república. Dilma Rousseff (PT) vence José Serra (PSDB) no segundo turno em uma das eleições mais vis da história recente, tendo ela sido alvo de todo tipo de ataque, vindo de todos os lados: políticos de oposição, grandes órgãos de imprensa e até os fanáticos religiosos.

Todos a atacavam e tentavam passar ao eleitor a imagem de que ela tem todos os defeitos do mundo e que Serra tem todas as qualidades. O PSDB não tinha propostas para o Brasil, tanto é que só entregou o programa de governo no TSE um dia antes da eleição! Na falta de propostas, sobrou espaço para a baixaria e para o sensacionalismo produzido não só pela oposição, mas pelos diversos intere$$ados nela.

No entanto, a campanha de Dilma finalmente fez o que Serra mais temia: mostrou ao eleitor as diferenças entre o modelo de governar do PSDB e do PT através de inúmeras comparações. Dilma expôs ao povo os ataques sujos que vinha sofrendo e mobilizou a militância ao mudar o tom no segundo turno. Deu resultado!

De todos os estados do Brasil, Serra só venceu com grande diferença no Acre e em Roraima, onde fez 70%. Dilma venceu na maioria dos estados, beirando os 80% no Amazonas, Maranhão, Rio Grande do Norte e Ceará. Na Bahia e no Piauí, vence com 70% e em dois dos três maiores colégios eleitorais do Brasil, Rio de Janeiro e Minas Gerais, Dilma venceu com 60% dos votos. Minas Gerais era, inclusive, uma grande aposta de Serra, que tinha Aécio Neves apoiando-o. Em São Paulo, Serra venceu com 55%. No Rio Grande do Sul, a vantagem de Serra é bem pequena.

A cobertura de alguns setores da imprensa sobre a eleição presidencial parece a de um funeral, tamanho o grau de lamúria de alguns jornalistas. Eles foram com tudo nessa eleição através de suas capas de revistas e manchetes de jornais sensacionalistas. Eles agiram como um verdadeiro partido político, filtrando informações que seriam "inconvenientes" divulgar, tentando usar a população como massa de manobra e perderam. Não é à toa que o clima é de velório.

O PSDB/DEM, grandes setores da imprensa, os sionistas e os fanáticos religiosos pensaram que o povo brasileiro seria massa de manobra e que teria uma bolinha de papel no lugar do cérebro: erraram! Ela terá forte oposição, como já tinha Lula. Cabe a ela ter a mesma força que teve ao reduzir o senador Agripino Maia às cinzas em dois minutos.

O Brasil optou pela continuidade de um modelo de inclusão social através de medidas estruturais, sem deixar de lado as prioridades imediatas. No fim, a derrota de Serra significou a vitória do Brasil.
POSTADO POR DAVID MELLO
*aposentadoinvocado

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