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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

sábado, janeiro 14, 2012

CONHEÇA O NOVO HOMEM FORTE DA CHINA



Xi Jinping, a 5ª geração no poder na China
Xi Jinping, atual vice-presidente da China, é o homem que vai comandar os destinos de 1,3 bilhão de chineses e da segunda economia do planeta a partir do ano que vem. Até pouco tempo atrás, Xi era bem menos conhecido que sua mulher, a cantora de música folclórica Peng Liyuan. Ele não era o candidato do atual presidente, Hu Jintao, mas desde a traumática sucessão de Mao Tsé-tung, em 1976, a liderança chinesa vem conduzindo os processos sucessórios coletivamente e de maneira equilibrada, de modo a evitar as tensões comuns num regime de partido único.

A família de Xi Jinping
O futuro líder nasceu em junho de 1953 na província de Shaanxi, região pobre do noroeste da China. Seu pai, Xi Zhongxun, foi um comunista histórico, vice-primeiro-ministro de 1959 a 1962, mas que caiu em desgraça com a Revolução Cultural Proletária de 1966-1976. Pelos supostos “pecados” de seu pai, Xi foi enviado ao campo para ser “reeducado” quando tinha menos de 15 anos. Por esse motivo, o futuro dirigente se recusou a aderir ao Partido Comunista durante os tempos de Mao Tsé-tung e dos Guardas Vermelhos.

Quando Deng Xiaoping venceu a luta pelo poder contra a “Guangue dos Quatro”, em 1978, Xi Zhongxun foi nomeado governador da província de Guangdong, no sul da China, para implementar na região as reformas econômicas iniciadas naquele período pelo “pequeno timoneiro”. Mesmo reabilitado, o veterano comunista mostrou sua independência de espírito ao condenar a repressão aos estudantes que protestavam na Praça da Paz Celestial, em Pequim, que culminou no massacre em junho de 1989, comandado por Deng.

A cantora folclórica Peng Liyuan, mulher de Xi
Formado em ciências sociais, Xi Jinping trabalhou na província de Fujian, leste da China, onde ganhou fama de gestor avesso à endêmica corrupção que assolou o país depois a abertura econômica. Em 2007, foi enviado a Xangai para substituir o dirigente local envolvido num megaescândalo. Desde então, a ascensão de Xi foi meteórica: enviado a Pequim, organizou os Jogos Olímpicos de 2008, ganhou a supervisão de Hong Kong e da escola de quadros do partido, que forma a nomenklatura da China. Ao mesmo tempo, ascendeu na hierarquia do PCCh e do Estado.

Xi é da 5ª geração de líderes da Revolução Chinesa. Os dois primeiros (Mao e Deng) foram dirigentes históricos; os dois seguintes (Ziang Zemin e Hu Jintao) resultaram do consenso da cúpula do Partido Comunista. Para a liderança partidária, não importa o nome do dirigente, desde que ele siga o roteiro estabelecido coletivamente. A China hoje é dirigida por gestores que tentam lidar com o desafio de continuar crescendo - a fórmula para manter a legitimidade - em meio a um mundo em crise.

O tradicional jogo chinês Wei Qi 

“A China não exporta fome, revolução, nem pobreza”, disse Xi Jinping certa vez, advertindo contra os que brandem contra a “ameaça" chinesa. É uma indicação, como disse Henry Kissinger, de que os chineses continuam preferindo o wei qi (jogo tradicional chinês, conhecido no Brasil pela variante japonesa go) ao xadrez. Neste, dominante no Ocidente, a estratégia é a derrota total do adversário, com o xeque-mate; no wei qi, o objetivo é cercar as pedras do adversário, comendo-lhe pelas bordas.



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