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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

sábado, janeiro 14, 2012

Comunidade de São José dos Campos (SP) reage à reintegração de posse

E o terreno pertence/pertencia ao Naji Nahas...


Um grupo de moradores da comunidade Pinheirinho, em São José dos Campos,  no interior de São Paulo, fez uma manifestação na manhã desta sexta-feira, 13, contra a reintegração de posse do terreno ocupado desde 2004. Equipados com capacetes e escudos improvisados, os moradores exibiram também armas como paus e lanças.
Segundo a prefeitura,  um cadastramento feito em 2010 mostra que cerca de 1.600 famílias moram no acampamento. O terreno, afirma  administração, pertence à massa falida da empresa Selecta, do grupo de Nagi Nahas, que entrou com o processo para a retirada das famílias no momento da invasão.
A decisão da Justiça para a reintegração foi tomada no fim do ano passado. A data determinada pela Polícia Militar para a ação ainda não foi determinada.
Na manhã de hoje, um grupo com representantes do acampamento se reuniu com representantes da Ordem de Advogados do Brasil e de lideranças sindicais para tentar definir o futuro dos moradores da área.
Os líderes do movimento têm feito manifestações contra a retomada do terreno, inclusive dentro do saguão da prefeitura. Hoje, participaram de um ato de solidariedade à comunidade Pinheirinho, em frente a ocupação, sindicatos, movimentos sociais, partidos políticos e entidades estudantis, segundo o PSTU;  cerca de 500 moradores também participaram da manifestação.
Adesivos. Além do ato de hoje, os sindicatos farão mais ações de apoio, afirma o PSTU. Nesta sexta-feira, haverá uma série de obilizações simultâneas nas fábricas, para pedir apoio dos trabalhadores contra a desocupação, e uma vigília na OAB. No sábado, haverá uma agitação com panfletagem na Praça Afonso Pena. Foram confeccionados 20 mil adesivos e 50 mil panfletos em apoio à resistência do Pinheirinho.
*Cappacete

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