Santayana: pena de morte contra fazendeiro que contrata pistoleiros, Kátia Abreu?
Via MST
24 de janeiro de 2012
A
direita, no mundo inteiro, é acossada pela crise que ela mesma causou, e
é nesses momentos que o perigo se torna maior. Os indignados saem às
ruas, mas lhes falta direção política consequente. Os protestos, se não
são alimentados de projetos claros e definidos, se perdem. Os atos de
contestação dependem de ideologia e programas, que só os intelectuais
são capazes de elaborar.
Como muitos observam,
as agitações podem ser facilmente vencidas pela repressão policial, mas
as mudanças sociais – ou os atos de resistência contra o abuso do poder
econômico – dependem de esforço intelectual tático e estratégico. O
esforço intelectual, bem se entenda, não é o dos filósofos em suas
torres de marfim, mas dos líderes experientes, que sabem como reunir e
orientar os protestos e as reivindicações das grandes massas.
Já
há sugestões de que, passadas as festas de Natal, os dirigentes das
principais organizações populares do país – centrais sindicais, MST,
entidades religiosas não vinculadas à direita, enfim, os movimentos do
centro para a esquerda – reúnam-se em grande encontro, bem preparado, a
fim de discutir a situação interna do país, da América Latina e do
mundo. Desse encontro deve surgir um plano de ação política que mantenha
os direitos que ainda conservamos, e os amplie.
O
governo brasileiro se encontra sob a pressão da direita, que usa seus
representantes no Congresso a fim de dificultar à presidente o
cumprimento de sua vontade. Ainda agora, a senadora e fazendeira Kátia
Abreu, representante da direita rural no Senado da República, e não do
povo do Tocantins, está propondo que o seu partido, o PSD – que segundo
Gilberto Kassab não é de esquerda, nem de direita, nem de centro, assuma
a posição de centro-direita, sem constrangimentos. Ela se baseia em
pesquisas com a classe C, que concorda, em seu sofrimento cotidiano, com
a pena de morte e outras medidas radicais e irreversíveis.
Todos
nos horrorizamos com a insegurança, sobretudo, a dos pobres, as maiores
vítimas do narcotráfico, dos assaltos, da violência policial, dos
preconceitos e da discriminação. E serão também estes os primeiros a
serem executados, como ocorre no mundo inteiro, porque não podem pagar
bons advogados.
É preciso fechar o passo à
direita, e o caminho melhor é o de retomar o controle dos setores
estratégicos da economia pelo Estado. A privatização das empresas
estatais terá que ser revista, o conceito de empresa nacional do texto
original da Constituição de 1988 deve ser restaurado e as transações
brasileiras com os paraísos fiscais, proibidas. Com essas medidas, o
país terá condições de combater os seus males antigos, como os da
corrupção policial, as deficiências da educação e da saúde, e a força do
poder econômico sobre a política. É assim que podemos obter a paz das
ruas, não com a pena de morte. Pergunte-se à senadora se ela concorda
com a pena de morte contra os fazendeiros que contratam pistoleiros para
assassinar trabalhadores sem terra e seus líderes sindicais.
O
fato é que a direita, no Brasil e no Mundo, se reorganiza. A classe
média é facilmente atraída pelas bandeiras da direita, que lhe promete a
"segurança". Ainda agora se sabe que a crise, na Europa e nos Estados
Unidos, atinge com o desemprego também os profissionais mais
qualificados. Foi o que se passou nos anos 1930, em que o fascismo, na
Itália, e o nazismo, na Alemanha, recrutaram a classe média – e também
os mais pobres e desinformados – para os seus quadros. O mesmo ocorreu
na Espanha de Franco e em Portugal, com Salazar, com mais facilidade, em
razão do apoio total da Igreja o que, felizmente, não ocorre entre nós.
É
importante que todos os movimentos populares estejam mobilizados, como
se propõe, a fim de sustentar uma política social que vem retirando
milhões de brasileiros da miséria e promovendo desenvolvimento econômico
sustentado, embora sob o impacto negativo da crise mundial. Essa crise
foi provocada pelos banqueiros larápios, em conluio com governantes
medíocres, como Obama, Merkel, Sarkozy, Cameron, Zapatero (seu sucessor,
Rajoy, consegue ser pior) e outros menos notados.
*GilsonSampaio
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