Páginas

Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

quarta-feira, janeiro 11, 2012

tucanos paulistas: maus feito pica-paus

Não, não, a Paulicéia não está desvairada.
Não ligue para o fato de Gilberto Kassab ir visitar Lula e dizer que gostaria de uma aliança com o PT na sucessão municipal.
Nem para o fato do PT dizer logo: comigo, não, violão”.
Muito menos para o fato de Geraldo Alckmin ter convidado Maluf para uma solenidade, onde o pepista lançou o tucano a Presidência – sem que este passasse recibo – por seus princípios éticos que deslubraram a alma malufiana.
Nem para o candidato do PMDB, ex-PSB e ex-PSDB, Gabriel Chalita sair de seu banho de imersão na periferia para se reunir com os cacos do DEM paulista.
Tudo isso tem um nome: José Serra.
Alckmin e Kassab têm sérias dúvidas de que seja possível uma vitória na prefeitura este ano.
Não tem, até agora, candidatos viáveis e não querem ser patronos da derrota.
Sem Serra, a direita paulista fica embolada na faixa mediana das pesquisas, entre oito e 13 por cento, no bolo dos “inhos” : Netinho, Soninha, Paulinho, que seguem logo atrás de Celso Russomano. E com tudo pronto para que Lula venha de trás, empurrando Fernando Haddad numa eleição sem favoritos.
Tem   razão o Ricardo Kotscho em dizer, no seu blog, que a eleição municipal em São Paulo virou uma “zona federal”.
Mas não no sentido da gíria; no termo literal.
É lá que se está começando a desenhar o cenário de 2014.
E se é importantíssimo vencer, se isso não é possível, o jogo é escolher quem e como perderá.
PCdoB e PDT, com Netinho e Paulinho, exercem seu legítimo direito de procurar crescer com candidato próprio. Soninha, dependendo de Serra, encosta a bicicleta. Russomano tem duvidosas chances de crescer, por conta de sua já imensa exposição.
Mas com Serra candidato tudo muda e a eleição se polariza. De um lado, Lula; de outro, nem Alckmin nem Kassab, mas José Serra. Apenas ele, só como sua ambição o faz.
A esta altura, há parte da direita paulistana pensando que é melhor qualquer arranjo que evite uma derrota no primeiro turno e que o vexame não caia no colo de Alckmin, de Kassab ou de ambos.
Ambos têm um nome ideal para isso.
José Serra.
*Tijolaço

Nenhum comentário:

Postar um comentário