A cachoeira pode se transformar em tsunami
Espera-se,
para as próximas horas, a libertação do mafioso Carlinhos Cachoeira,
que mandava no governo de Goiás, presenteava senadores, controlava
delegados e era um doador universal da política. O pânico: ele pode ter
feito acordo de delação premiada para reduzir sua pena
247 – O pedido de habeas corpus já foi apresentado pelo advogado Ricardo
Sayeg, que defende o bicheiro Carlinhos Cachoeira. Nele, sugere-se que o
mafioso deixe a prisão de segurança máxima onde se encontra, em Mossoró
(RN), e passe a ser monitorado por tornezeleira eletrônica, em prisão
domiciliar. Em Goiânia, dá-se como líquido e certo que o bom amigo de
todos os políticos goianos voltará para casa neste sábado. Já estão até
sendo preparadas faixas para esperá-lo no aeroporto.
Ocorre que a cachoeira de lama em Goiás tem tudo para se transformar
numa tsunami – exatamente um ano depois da tragédia de Fukushima. Isso
porque se especula que ele tenha feito um acordo de delação premiada,
que permite a redução de até dois terços da pena. Se isso for verdade,
Cachoeira terá seguido o exemplo de outro homem-bomba que foi capaz de
abalar um governo: o policial Durval Barbosa, que era um dos maiores
corruptores de Brasília, mas se encontra em liberdade por ter aberto as
comportas da Operação Caixa de Pandora.
Sem a delação premiada, Cachoeira corre o risco de passar o resto da
vida atrás das grades. As acusações que pesam com ele vão de formação de
quadrilha a corrupção ativa, passando por espionagem clandestina e
exploração ilegal do jogo. Prato cheio para uma condenação exemplar, que
poderia mantê-lo preso pelo resto da vida. Num cenário de delação, o
quadro seria outro. E eis algumas dúvidas que ele poderia esclarecer:
- Quais foram os nomes de todos os delegados indicados por ele na polícia militar de Goiás?
- Como foi sua participação na campanha que elegeu o governador tucano Marconi Perillo?
- Qual foi o material preparado pelo sargento Idalberto Martins, vulgo Dadá, na campanha eleitoral de Perillo?
- Quais são suas relações com o senador Demóstenes Torres (DEM/GO) e que assuntos foram tratados nas 298 ligações telefônicas?
- Por que decidiu presentear o senador com uma cozinha completa avaliada em R$ 47 mil?
- Quais foram os políticos, de todos os partidos, que receberam doações, por dentro e por fora, de suas empresas?
- Qual é sua relação com a Delta Engenharia e por que tinha livre acesso
ao caixa da empreiteira em Goiás? Havia alguma sociedade?
- Qual é a sua relação com o delegado e deputado Protógenes Queiroz (PC
do B) e como foram seus encontros, com a presença do sargento Dadá?
Por essas e outras, já dá para imaginar o pânico que a eventual soltura de Carlinhos Cachoeira provoca nos meios políticos.
E não apenas de Goiás.
Documentos da Delta tiram sono de Perillo e Demóstenes
Material colhido durante a Operação Monte Carlo na sede de construtora de Fernando Cavendish (centro), onde Carlinhos Cachoeira dava expediente, ainda pode comprometer tanto o governador de Goiás quanto o senador do DEM
247 - Carlinhos Cachoeira fazia da sede da Delta
Construções, de Fernando Cavendish, em Goiânia, seu escritório. Seu
lugar-tenente, Wladmir Garcez, também despachava de lá. O diretor
regional da Delta, Cláudio Abreu, era sócio de Cachoeira em diversos
negócios, pegava dinheiro graúdo do esquema (remessas R$ 400 mil) e
negociava apoios com o “abre-portas” dele. Tudo isto já foi revelado
pela Polícia Federal.
O que não se sabe ainda é o teor dos registros eletrônicos e documentos
que a PF colheu na sede da empresa. Foram computadores portáteis,
papéis, pendrives e outras coisas que interessaram aos investigadores.
.
Mais:http://brasil247.com/pt/247/poder/46672/Documentos-da-Delta-tiram-sono-de-Perillo-e-Demóstenes.htm
Nenhum comentário:
Postar um comentário