Dossiê mostrará impacto dos agrotóxicos na saúde das pessoas e dos ecossistemas
Natasha Pitts, via Adital
Buscando conhecer o impacto dos agrotóxicos na saúde dos/as brasileiros/as,
o Grupo de Trabalho (GT) de Saúde e Ambiente da Associação Brasileira de Pós-Graduação
em Saúde Coletiva (Abrasco), em parceria com outros GTs, comissões e associados,
decidiu pesquisar o tema e publicar suas descobertas em um dossiê. O documento será
lançado no Congresso Mundial de Nutrição, em abril deste ano, e durante a Conferência
das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável (Rio+20), que acontecerá em
junho no Rio de Janeiro.
A realização do dossiê tem como objetivo principal sensibilizar autoridades
públicas nacionais e internacionais para criar e executar políticas que possam proteger
e promover a saúde das pessoas e dos ecossistemas afetados de forma negativa pelos
agrotóxicos.
De acordo com o professor Fernando Ferreira Carneiro, chefe do Departamento
de Saúde Coletiva da UnB, dois aspectos foram levados em consideração quando se
pensou em laborar o dossiê.
“O primeiro aspecto diz respeito ao fato de que há três anos o Brasil ocupa
o primeiro lugar no consumo de agrotóxicos em virtude do modelo de agronegócio e
da produção de transgênicos e não está acontecendo uma avaliação dos impactos desses
agrotóxicos na saúde da população. O segundo aspecto é que se espera do Estado e
da Academia mais atenção para regular o uso. Existe um lobby para se permitir e
flexibilizar a utilização de agrotóxicos. Precisamos visibilizar o problema”.
Para compor o dossiê, o GT de Saúde e Ambiente está recebendo a colaboração
de pesquisadores de todo o Brasil. Mestres e doutores estão colaborando com o envio
de seus trabalhos. O sistema de saúde de algumas cidades também está ajudando e
enviando dados. Todo o material recebido será sistematizado por uma comissão.
O chefe do Departamento de Saúde Coletiva da UnB defende que a elaboração
do dossiê representa uma oportunidade para repensar o modelo de desenvolvimento
do Brasil.
“Será que este modelo está gerando bem-estar para a população? Ou está retirando
agricultores de suas terras e dando espaço para grandes plantações de transgênicos?
A verdade é que outro modelo de desenvolvimento é possível e necessário. A agroecologia
é o caminho do futuro e pode gerar um novo modo de vida. O desafio do Brasil é deixar
de ser o maior consumidor de agrotóxicos e se tornar o maior produtor de alimentos
saudáveis. Há alternativas para alimentar o mundo sem agrotóxicos”, defende Fernando.
Agrotóxicos em dados
Hoje, o Brasil é o principal consumidor de agrotóxicos do mundo, tendo ultrapassado
os Estados Unidos em 2008. Apesar dos avanços tecnológicos alcançados nos últimos
dez anos, o País não conseguiu reduzir o uso deste produto em suas lavouras. Pelo
contrário, Brasil utiliza a cada dia mais venenos em virtude da crescente produção
de alimentos transgênicos.
Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), para cada caso de intoxicação
por agrotóxico registrado, 50 outros acontecem, mas não são catalogados. A OMS também
revela que cerca de 200 mil pessoas morrem anualmente pela ingestão de agrotóxicos
e outras três milhões sofrem intoxicações agudas.
*Limpinhoecheiroso
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