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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

domingo, março 11, 2012

Coca-Metilimidazol e Pepsi-4-MEI



A Coca-Cola e a Pepsi vão alterar a receita dos seus refrigerantes para não terem de pôr avisos contra o cancro nos rótulos.

Cancro? Como assim? É um refrigerante, não uma central nuclear.
O problema é que as bebidas contêm um corante, aquele que dá o bonito tom caramelo, que é potencialmente cancerígeno.

Explica a porta-voz da Coca-Colca, Diana Garza Ciarlante:
Apesar de considerarmos que não há qualquer risco para a saúde pública que justifique esta alteração, pedimos aos nossos fornecedores de caramelo para alterarem a quantidade do corante 4-metilimidazol para que as nossas bebidas não tenham que exibir um aviso no rótulo que não tem qualquer fundamento.
É uma justificação interessante: a Coca-Cola e a Pepsi consideram que não haja riscos para a saúde e que um aviso nos rótulos não teria fundamento. No entanto, mudam a receita.

A verdade é um pouco diferente: o "corante caramelo" não é um inofensivo produto "natural" à base de açúcar caramelizado, mas sim um composto químico conhecido como 4-MEI ou 4-MI (4-methylimidazole) potencialmente cancerígeno, tal como denunciado pelo Center for Science in the Public Interest (CSPI), o organismo público de defesa do consumidor nos EUA com sede em Washington.

Diário Expresso:
O 4-MEI é um corante orgânico sintético idêntico ao natural, obtido pelo processo de sulfito de amónia, utilizado para dar a coloração escura aos refrigerantes. Experiências em animais demonstraram que pode provocar cancro.

Um comunicado à imprensa divulgado pelo CSPI refere que análises químicas em amostras de Coca-Cola e Pepsi revelaram níveis muito elevados do corante cancerígeno nos refrigerantes. Entre 145 a 153 microgramas (de 4-MEI) em latas de Pepsi; 142 a 146 microgramas em latas de Cola; e 103 e 113 microgramas em latas de Diet Coke.
O CSPI estima que o corante caramelo encontrado nas amostras de Coca-Cola e Pepsi é responsável por cerca de 15.000 casos de cancro na população norte-americana.O CSPI alerta também pelo facto de que os mais jovens, com menos de 20 anos, são os mais vulneráveis, por consumirem grandes quantidades de refrigerantes, além de serem mais susceptíveis ao cancro do que as pessoas mais velhas.

Coca-Cola e Pepsi sob acusa? Mas o que é isso?
Eis portanto a Food and Drugs Administration que entra no terreno para defender os interesses das corporações: 4-methylimidazole cancerígeno? Mas onde?
A FDA afirma que seria preciso uma pessoa beber, diariamente, 1.000 latas de Coca ou Pepsi para contrair o cancro. Aliás, a dúvida deveria ser: porque as pessoas ainda não bebem diariamente 1.000 latas de Coca e Pepsi?

O CSPI discorda da FDA. Michael Jacobson, do centro de pesquisa, afirma que os corantes cancerígenos não podem, pura e simplesmente, fazer parte da cadeia dos alimentos, tanto mais que são apenas cosméticos:
A Coca-Cola e a Pepsi, com a aquiescência da FDA, estão desnecessariamente expondo milhões de norte-americanos a um químico que provoca cancro. A coloração é apenas cosmética, não acrescenta sabor. A FDA precisa proteger os consumidores proibindo esse corante.
Não sei, eu em princípio apoio esta última ideia. Porquê a Coca e a Pepsi não utilizam o raio de caramelo natural? É só queimar um pouco de açúcar na água, não deve ser tão caro.

Mas não, mais barato sem dúvida o metilcomosechama. Que talvez em doses baixas nem é cancerígeno. Mas uma criança não vive apenas de Coca ou Pepsi, ingere diariamente outros alimentos: será que estes outros alimentos também contêm o metilcoiso? Pode haver acumulação com outras substâncias perigosas? Quando é atingida a quantidade que pode ser definida como "claramente cancerígena"? Pode haver reacções com estas outras substâncias?

São apenas dúvidas de quem nada percebe acerca do assunto. E pergunta a razão pela qual um produto potencialmente perigoso deve ser utilizado em preparados vendidos ao público.


Ipse dixit.
*InformaçãoIncorreta

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