VatiLeaks: Quem são os lobos da Igreja?
Bertone: o secretário de Estado do Vaticano está no epicentro das intrigas |
Via CartaCapital
A revelação de documentos secretos do Vaticano reavivou o escândalo do VatiLeaks,
como foi batizado o inédito vazamento de informações sigilosas que desde janeiro
causa alvoroço na Santa Sé. O jornal italiano Il Fatto Quotidiano voltou a publicar cartas assinadas por cardeais,
a desnudar uma insidiosa disputa pelo controle do Instituto Giuseppe Toniolo.
A instituição controla a Universidade Católica do Sagrado Coração, maior
rede privada de ensino da Europa, e a famosa Policlínica Gemelli, onde o papa João
Paulo 2º esteve internado diversas vezes.
A crise começou quando uma tevê divulgou, no início do ano, cartas do arcebispo
Carlo Maria Viganò, ex-vice-governador da cidade do Vaticano e atual núncio apostólico
nos EUA. Destinadas ao secretário de Estado do Vaticano, cardeal Tarcisio Bertone,
e ao próprio papa Bento 16, as cartas revelam que Viganò foi afastado após denunciar
uma suposta rede de corrupção na Igreja.
Outros vazamentos dizem respeito ao Banco do Vaticano, que prometeu dar
transparência às suas ações para se adequar às regras da União Europeia, mas estaria,
na prática, apagando os rastros de seu passado de escândalos, como o que resultou
na quebra do Banco Ambrosiano há 30 anos.
O incômodo é tamanho que o jornal oficial do Vaticano, num texto sobre o
30º aniversário da chegada a Roma do cardeal Joseph Ratzinger, atual papa Bento
16, denunciou o “comportamento irresponsável e indigno” contra o pontífice, que
“não será parado por lobos”. Só não ficou claro se o editorial do L’Osservatore Romano se referia aos autores
do vazamento ou aos cardeais que travam a intestina disputa de poder no Vaticano.
Lavagem de dinheiro: As mazelas
do banco do Papa
Via CartaCapital
Que a condição do Vaticano como rota internacional para lavagem de dinheiro
é “preocupante” não é novidade para ninguém. Mas o status duvidoso da chamada Santa
Sé agora é oficial, de acordo com a nova lista de 67 países potencialmente suscetíveis
à lavagem de dinheiro proveniente do tráfico internacional de drogas, publicada
pelo Departamento de Estado americano. Sob a mesma rubrica “Estados preocupantes”,
à qual o Estado papal agora faz parte, estão Albânia e Iêmen.
A condição ainda é melhor que a do Brasil, que figura entre os chamados
“Estados de alto risco”, com Afeganistão e Ilhas Cayman. Mas já preocupa o papa
Ratzinger, disposto a tentar impedir a lavagem de dinheiro no Banco do Vaticano
(IOR).
Bento 16 quer forçar o Estado a adotar as regras internacionais recomendadas
pela ONU e aplicadas pela União Europeia. No fim de 2010, criou até o posto de
“Autoridade para Informações Financeiras”. A julgar pelas últimas denúncias de reciclagem
de dinheiro sujo a envolver o IOR, a autoridade do sumo pontífice parece não surtir
o efeito desejado.
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