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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

sexta-feira, março 16, 2012

Por que o Brasil não cancela também a ida à Cúpula das Américas?

 

Thassio Borges Opera Mundi

Correa cancela ida à Cúpula das Américas em solidariedade a CubaPresidente evitou críticas mais diretas aos EUA, mas afirmou que não pode “aceitar que um país exclua o outro”

O presidente do Equador, Rafael Correa, anunciou nesta quinta-feira (15/03) que não irá participar da Cúpula das Américas que será realizada em Cartagena, na Colômbia, nos dias 14 e 15 de abril. Apesar de ser a primeira desistência oficial de um chefe de Estado, o evento deverá perder ainda mais força caso os países da ALBA (Aliança Bolivariana dos Povos da Nossa América) também rejeitem a cúpula pela ausência de Cuba.

A ida de Cuba foi barrada pelos EUA, que alegam que só devem participar da cúpula os líderes “eleitos democraticamente”. A orientação foi aprovada em 2001. Em entrevista coletiva durante visita à Turquia, Correa questionou a ausência de Cuba no encontro.
“Se organiza uma cúpula para os países latino-americanos, mas se exclui um país latino-americano? Cuba não pode participar por causa do boicote norte-americano”, afirmou o presidente.

Correa evitou críticas mais diretas aos EUA, mas afirmou que não pode “aceitar que um país exclua o outro”. Segundo ele, os debates realizados “nestas cúpulas”, não tratam “dos problemas dos povos latino-americanos”.

“Nestas reuniões se fazem todos os tipos de declarações sobre democracia, mas nunca se fala da verdadeira democracia. Tudo são palavras que nunca se transformam em fatos”, criticou o equatoriano, que citou outras questões que deveriam ser debatidas no encontro, como o embargo dos EUA a Cuba e a ocupação britânica das Ilhas Malvinas. "Mas eles nunca são debatidos nestas reuniões”, destacou.

Os países que formam a ALBA (Venezuela, Bolívia, Nicarágua, São Vicente, Granadinas, Dominica e Antigua e Barbuda) ainda não se posicionaram oficialmente, mas ameaçam não participar do encontro. Os norte-americanos foram os únicos que se mostraram contrários à participação da ilha caribenha no evento.

A primeira edição da Cúpula das Américas foi realizada em 1994 e contou com a presença de todos os 34 países membros da OEA (Organização dos Estados Americanos), à exceção de Cuba.

Os cubanos foram suspensos da Organização em 1962, por imposição norte-americana. O veto, no entanto, foi abolido em 2009. Apesar disso, o país não demonstrou interesse em se reintegrar à OEA.
*Brasilmostra a tuacara

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