Estadão está à venda, mas não há comprador
Brasil 247
- A exata medida da crise da imprensa brasileira está colocada numa
nota publicada neste fim de semana na coluna Radar. Trata da possível
venda do jornal Estado de S. Paulo. Diz o texto:
IMPRENSA
Marca de peso
O Itaú BBA tem em mãos um mandato para vender O Estado de S. Paulo. As Organizações Globo foram sondadas. Não se interessaram.
Mais do que estar sendo vendido, o jornal centenário, hoje comandado por
Francisco Mesquita Neto, passa o vexame de não atrair interessados.
Reflexo do que ocorre na mídia no inteiro. Recentemente, o Boston Globe, que havia sido adquirido pelo The New York Times
por mais de US$ 1 bilhão, foi vendido por apenas US$ 70 milhões – o que
significa que, a cada dia, jornais impressos perdem valor.
Pode ser que o Itaú encontre um comprador para o Estadão, mas a missão
não é simples. Dois anos atrás, outro banco, o BTG Pactual, de André
Esteves, também tentou costurar uma saída para o grupo, altamente
endividado e já na quinta geração familiar.
A ideia de Esteves era oferecer o Estadão à Folha de S. Paulo, de Otávio
Frias Filho, para que o jornal dos Mesquita fosse fechado – assim, o
mercado anunciante de São Paulo não seria mais dividido entre dois
grandes veículos de comunicação. No entanto, a operação também não
avançou.
Hoje, em vez de comprar o Estadão, a Folha parece disposta a "roubar" os
seus leitores. É isso o que explica a recente guinada conservadora do
jornal, que contratou colunistas como Demétrio Magnoli e Reinaldo
Azevedo. Pesquisas internas do grupo Folha apontam um dado desesperador
para o grupo: praticamente não existem leitores de jornais com menos de
trinta anos, uma vez que os jovens se informam pela internet e pelas
redes sociais. Diante da constatação de que não haverá leitores para
jornais impressos no futuro, o que a Folha tem buscado é, simplesmente,
competir pelos já existentes e que, hoje, assinam ou compram o Estadão.
*Saraiva
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