Jurista Bandeira de Mello fala em impeachment de Barbosa
por Pedro Venceslau
O jurista Celso Bandeira de Mello, professor titular de Direito
Administrativo da Faculdade de Direito da Pontifícia Universidade
Católica de São Paulo (PUC-SP), reforçou o movimento do PT contra
Joaquim Barbosa e passou a defender o impeachment do presidente do
Supremo Tribunal Federal (STF).
“Cabem providências jurídicas contra ele, entre elas o impeachment.
Qualquer coisa que aconteça com o José Genoino (ex-presidente do PT,
detido em Brasília e que sofre de problemas cardíacos) será
responsabilidade do Joaquim Barbosa”, disse Bandeira ao Estado. O
deputado licenciado foi condenado a 4 anos e 8 meses de prisão no regime
semiaberto pelo crime de corrupção ativa.
O departamento setorial jurídico do PT disse nesta quinta-feira,21, em
nota oficial, que a decisão do presidente do STF de determinar a
transferência dos dirigentes petistas condenados no julgamento do
mensalão para Brasília em regime fechado foi “um flagrante desrespeito à
Lei de Execuções Penais que lança dúvidas sobre o preparo ou a boa fé
de Joaquim Barbosa na condução do processo”. O advogado Marco Aurélio
Carvalho, coordenador do setorial jurídico do PT, afirma que está
estudando medidas judiciais contra o presidente do STF.
Sugerido por veras
Do iG
Por Ricardo Galhardo
Celso Antônio Bandeira de Mello condena a forma como o presidente do STF
conduziu a prisão de Genoino. O advogado faz coro pelo impeachment de
Barbosa
"Joaquim Barbosa é um homem mau, com pouco sentimento humano." A
descrição nada elogiosa é de Celso Antônio Bandeira de Mello, um dos
mais conceituados advogados brasileiros e professor da PUC há quase 40
anos.
Ele se refere em especial à forma como Barbosa conduziu a prisão de José
Genoino. "Acho que é mais um problema de maldade. Ele é uma pessoa má.
Falo isso sem nenhum preconceito com a pessoa dele pois já o convidei
para jantar na minha casa. Mas o que ele faz é simplesmente maldade",
afirma o advogado.
Bandeira de Mello subscreveu na terça-feira, ao lado de juristas,
intelectuais e líderes petistas, um manifesto condenando a postura de
Barbosa. A ação supostamente arbitrária do ministro na prisão dos
condenados no processo do mensalão seria passível de um processo de
impeachment.
"A medida concreta neste caso seria um pedido de impeachment do
presidente do Supremo", disse Bandeira de Mello, com a ressalva de que
não é especialista em direito penal mas expressa "a opinião de quem
entende da matéria".
De acordo com o advogado, o foro adequado para o pedido de impeachment
seria o Senado Federal. Segundo o inciso 2º do artigo 52 da Constituição
Federal, é de competência exclusiva do Senado julgar os ministros do
Supremo. A iniciativa, segundo Bandeira de Mello, pode ser de "qualquer
cidadão suficientemente bem informado e, principalmente, dos partidos
políticos".
Na segunda-feira, o diretório nacional do PT chegou a cogitar medidas
concretas contra Barbosa. A iniciativa, no entanto, foi abortada por
líderes moderados do partido.
Segundo Bandeira de Mello, o fato de Barbosa ter mandado para o regime
fechado pessoas que haviam sido condenadas ao semiaberto e a expedição
de mandados de prisão em pleno feriado da Proclamação da República sem
as respectivas cartas de sentença (emitidas 48 horas depois) contrariam a
legislação e poderiam motivar o afastamento de Barbosa.
Para o advogado, a culpa pelas supostas violações e arbitrariedades é
exclusivamente do presidente do Supremo. "É o Barbosa. Os demais
ministros, ou parte deles, já praticaram as ilegalidades que podiam
praticar no curso do processo", disse Bandeira de Mello.
O manifesto divulgado na terça-feira diz que "o STF precisa reagir para
não se tornar refém de seu presidente". O texto é subscrito por dezenas
de militantes petistas e partidos aliados, como os presidentes do PT,
Rui Falcão, e PCdoB, Renato Rabelo, além de personalidades de diversas
áreas como o jurista Dalmo Dallari, a filósofa Marilena Chauí, a
cientista política Maria Victoria Benevides, os cineastas Luci e Luiz
Carlos Barreto e o escritor Fernando Morais.
Bandeira de Mello crê que o plenário do Supremo deveria fazer uma
censura pública a Barbosa. "Poderia ser de forma verbal, em plenário,
por meio de um manifesto e até mesmo pessoalmente. Ou o Supremo censura a
conduta de seu presidente ou ele vai cada vez mais avançar o sinal",
diz o advogado.
* * Justiceira de Esquerda
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