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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

domingo, novembro 10, 2013

MONTEIRO LOBATO x Esterco doloroso e gemebundo

Revolucionários Eternamente
MONTEIRO LOBATO: ESCRITOR E PATRIOTA Dois dias após conceder a última entrevista de sua vida, na qual defendeu a campanha “O Petróleo é Nosso”, Monteiro Lobato faleceu aos 66 anos de idade. Nos anos 30 havia interesse oficial em se dizer que no Brasil não havia petróleo. Monteiro Lobato fundou a primeira empresa a realizar perfurações em nosso solo. Em O Escândalo do Petróleo (1936), o escritor documenta os lances dramáticos da duríssima batalha que travou movido unicamente pelo afã de prover o Brasil de uma indústria petrolífera independente. O governo Vargas, que era acusado de "não perfurar e não deixar que se perfure", proibiu-o e um Tribunal de Exceção condenou- o a seis meses de prisão no Presídio Tiradentes. Ele foi nosso maior astro em histórias infantis. Criou personagens inesquecíveis como: Emília, Pedrinho, Visconde de Sabugosa, Cuca, a vilã. A venda de seus livros alcançou quase um milhão de exemplares. Ao final de sua vida, resumiu a visão social que possuía: “A nossa ordem social é um enorme canteiro em que as classes privilegiadas são as flores e a imensa massa da maioria é apenas o esterco que engorda essas flores. Esterco doloroso e gemebundo. Nasci na classe privilegiada e nela vivi até hoje, mas o que vi da miséria silenciosa nos campos e nas cidades me força a repudiar uma ordem social que está contente com isso e arma-se até com armas celestes contra qualquer mudança.” Sua visão social. Leia a íntegra de nosso ensaio no site http://proust.net.br/blog/

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