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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

quinta-feira, novembro 14, 2013

O STF é que
foi julgado

Quem está na lista da Presidenta Dilma para suceder o ministro decano Celso de Mello ?

A sessão que decidiu prender o Dirceu já foi um exercício no caos.

E no ineditismo.

Nunca Dantes, na História do Supremo, se inovou tanto para atingir o objetivo de  encarcerar o Dirceu, o arquiteto da obra política que governa o Brasil – para os pobres – desde 2002.

Encarcerar de preferência com algemas, se depender a opinião do Gilberto Freire com “i” (*), diretor de jornalismo do Supremo, e seu êmulo na batalha de seduzir o patrão – clique aqui para ler o depoimento do Paulo Nogueira sobre a matéria, o Ataulfo Merval de Paiva (**), o decimo­segundo Ministro.

Clique aqui para ler “Como o PiG se fez Juiz do mensalão”.

Breve será possível fazer a autopsia deste Golpe bem sucedido, que foi a cassação da liderança do PT.

Só sobram – por enquanto – o Lula e a Dilma.

Mas, é possível também extrair alguns benefícios da sessão que acabou por condenar este julgamento de exceção a seu lamentável lugar na Historia – o da Exceção.

O Supremo, com a ajuda da TV Justiça (um escárnio à Democracia) se mostrou em close ­up.

É o que é.

Uma Corte de partido.

O da Big House.

Mas, há o beneficio de o encarceramento do Dirceu realizar­-se um ano antes da eleição de 2014, que poderá ser histórica para o PT.

Até lá, as imagens do Dirceu algemado – se o secreto desejo do diretor de jornalismo da Globo se realizar – terão perdido a força da novidade estarrecedora.

O presidente Joaquim Barbosa não repetiu a metodologia de seu antecessor , o Big Ben de Propriá, que condenou Dirceu, na primeira vez, na hora em que o eleitor de São Paulo elegia Haddad contra o eterno Padim.

Obtido o encarceramento do Dirceu, o presidente Barbosa pode se sentir com autoridade e poder de legitimar, imediatamente, a Operação Satiagraha, que lança luz ofuscante sobre as atividades do Valeriodantas e a Operação Castelo tucano na Areia.

Enquanto apressa o julgamento do mensalão tucano, mais velho que o do PT e, nem por isso, na parada de sucessos.

O bem sucedido Golpe para degolar a liderança que construiu o PT ao lado do Lula deve ter ensinado ao PT a amarga lição: saber escolher ministros do Supremo e Procuradores Gerais.

Quem está na lista da Presidenta Dilma para suceder o ministro decano Celso de Mello ?

Vai depender o Sigmaringa, do zé da Justiça, do Palocci, king makers do PT?

Está na hora de fazer a limonada.


Paulo Henrique Amorim

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