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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

domingo, novembro 10, 2013

Haddad: "havia uma degradação na prefeitura de São Paulo"


Mesmo sem citar o nome de Gilberto Kassab (PSD), o atual prefeito de São Paulo, Fernando Haddad (PT), fez várias críticas à gestão do antecessor em entrevista publicada na Folha de S. Paulo deste domingo, salientando que encontrou a prefeitura em situação de "descalabro". 
"Ouvi que a situação (na prefeitura) era a pior possível do ponto de vista ético. Havia uma degradação. Nichos instalados e empoderados. Havia uma percepção de degradação", declarou. Haddad demonstrou grande satisfação com a Controladoria-Geral do Município, criada por ele a partir da experiência da Controladoria-Geral da União (CGU), que revelou a máfia do ISS (Imposto sobre Serviços), na qual fiscais que cobravam propina para reduzir o valor do tributo pago para imóveis novos num esquema que fraudou a prefeitura em cerca R$ 500 milhões. "É um divisor de águas. A controladoria tem duas ou três características importantes. A primeira é a autonomia. Ela não presta contas ao prefeito, Se conseguir convencer a sociedade de que a controladoria é um marco que pode ser disseminado pelo país, terei feito o melhor para a cidade. Penso mais nisso que no cálculo político, de curto prazo. 
Questionado sobre a ausência de uma investigação a seu principal secretário, Antonio Donato, citado em quatro episódios da máfia do ISS, Haddad desconversou. "O Donato acompanhou, até como secretário de Governo, os procedimentos adotados nas investigações. O fato narrado em 2008. Há fatos recentes do Ronilson Rodrigues, tido como chefe da máfia do ISS, o procurando. Isso não é negado. Ronilson entregou dois estudos à minha campanha: sobre ISS e sobre IPVA. Participou da transição, indicado pela administração anterior. Os fatos sobre a campanha de 2008 têm de ser investigados pelo Tribunal Regional Eleitoral, se o órgão julgar que deve [Donato teria recebido dinheiro dos acusados em sua campanha; ele nega]", declarou.
*JB

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