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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

sábado, novembro 16, 2013

Empresa planeja dirigíveis para transporte de cargas

Do Jornal do Comércio

airship
Aeronave é desenvolvida por associação da Bertolini e da Engevix
Ousado. Essa é uma palavra que pode definir o projeto da Airship do Brasil Indústria Aeronáutica (companhia formada pela associação da Transportes Bertolini e Engevix). A empresa pretende desenvolver dirigíveis que serão empregados, entre outras ações, no transporte de cargas. Inicialmente, a própria Bertolini será a principal cliente, utilizando o veículo para deslocar produtos de Manaus para as regiões Sul e Sudeste do País.
Mas a ideia é também comercializar as aeronaves no mercado para outros agentes.
A Airship já desenvolve modelos de dirigíveis menores voltados para o imageamento aéreo, publicidade ou outros fins. Entretanto, o próximo passo da companhia, o cargueiro ADB 3, com capacidade para transportar até 30 toneladas em cargas, é que gera grandes expectativas. A previsão é que o voo teste desse dirigível ocorra em julho de 2016. O veículo será construído em uma unidade que está sendo instalada no município paulista de São Carlos. O diretor de gestão da Transportes Bertolini e diretor da Airship, Paulo Vicente Caleffi, explica que o lugar foi escolhido por se tratar de um local muito ligado aos assuntos aeronáuticos, sediando o curso de Engenharia Aeronáutica da EESC-USP.
O dirigente adianta que na unidade fabril e no protótipo do dirigível deverão ser investidos cerca de R$ 145 milhões, sendo R$ 105 milhões financiados pelo Bndes. Nesse momento, a empresa está desenvolvendo o projeto do veículo em laboratório, enquanto constrói a planta em São Carlos. O complexo já tem capacidade para criar alguns equipamentos e deverá começar a produzir os chamados aeróstatos (balões para o içamento de cargas e outras atividades comerciais) no final do ano.
O cargueiro, por sua vez, que será implementado futuramente, terá mais de cem metros de comprimento e deverá alcançar uma velocidade de cerca de 100 quilômetros por hora, voando a uma altitude de cerca de 3 mil metros. Caleffi estima que a operação terá um custo semelhante ao do frete de caminhão. No início, a aeronave deverá operar com hélio (gás mais leve que o ar, que fará o veículo flutuar). Contudo, estão sendo feitas pesquisas que indicam que será possível atuar com hidrogênio, um gás mais abundante e econômico.
Caleffi lembra que o hidrogênio foi um dos fatores que causou o desastre com o Hindenburg (dirigível construído pela empresa Luftschiffbau-Zeppelin que sofreu um incêndio ao final de uma viagem transatlântica na década de 1930). Porém, o dirigente ressalta que os equipamentos atuais são muito mais seguros do que os seus antepassados, devido ao avanço da tecnologia. Os motores da aeronave empregarão diesel como combustível.
Para Caleffi, como o Brasil não usa adequadamente as hidrovias e a malha ferroviária não é estendida como deveria, existe a possibilidade de um novo modal ocupar um espaço no mercado. O dirigente lembra que na Rússia faz-se transporte de cargas por dirigíveis, mas não em grande escala.
No caso da Transportes Bertolini, a empresa não pretende utilizar o dirigível em todo o Brasil, mas em locais de difícil acesso, como a Amazônia. Na região, a aeronave poderá usar balsas para pousar. Caleffi diz que as principais características das cargas vocacionadas a serem transportadas por esse modal aéreo são: grande volume, pouco peso e alto valor agregado.
A Transportes Bertolini, por exemplo, pretende movimentar eletroeletrônicos a partir de Manaus. “É uma gauchada”, compara Caleffi, fazendo relação à fama de desbravador. Apesar de a sede ser localizada em Manaus, a companhia foi fundada pelo gaúcho Irani Bertolini, e suas primeiras atividades envolviam o transporte de móveis, por caminhões, de Bento Gonçalves para o Amazonas. “É a renovação do que existia no passado, através do dirigível”, argumenta Caleffi.
*amoralnato

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