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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

sábado, julho 04, 2015

Banco BRICS pronto para ser lançado

A cidade de Xangai, na China, abrigará a sede do Novo Banco de Desenvolvimento, o chamado Banco do BRICS

Banco dos BRICS pronto para ser lançado após ratificação pela China

© AFP 2015/ JOHANNES EISELE



A China ratificou por fim, nesta quarta-feira, a criação do Novo Banco de Desenvolvimento (NBD) dos BRICS. Foi o último, quinto país do grupo a fazê-lo.
Anteriormente, o NBD já fora ratificado pela Rússia, Brasil, Índia e África do Sul. A Rússia foi o primeiro país a ratificar a criação da nova entidade financeira, que é considerada por economistas como uma alternativa séria às instituições tradicionais, como o Banco Mundial e Fundo Monetário Internacional (FMI).
O Novo Banco de Desenvolvimento começará a funcionar em 7 de julho, um dia antes da cúpula presidencial dos BRICS, que terá lugar em Ufá, na Rússia. A Sputnik irá fazer a cobertura detalhada do evento, tanto no site, como nas redes sociais — Facebook e Twitter.
Em 7 de julho, próxima segunda-feira, terá lugar em Moscou a sessão inaugural do Conselho Executivo do novo banco.
O banco permitirá ao grupo conseguir mais independência financeira internacional para os países emergentes. As funções administrativas serão compartilhadas entre representantes de diferentes países. A saber: o NBD terá sua sede em Xangai, na China, o vice-presidente do banco é o brasileiro Paulo Nogueira Batista Júnior, o presidente do Conselho Executivo é o russo Anton Siluanov (ministro das Finanças), e o presidente do NBD, o banqueiro indiano Kundapur Vaman Kamath.
O organograma da instituição será sujeita a rotação, como toda a estrutura dos BRICS. Os gerentes e presidentes das instituições irão mudar anualmente.
Para Yakov Berger, do Instituto do Extremo Oriente, consultado pela Sputnik China, a ratificação, pela China, da criação do NBD é um passo tanto econômico, como político:
"É um passo financeiro e político, naturalmente, até porque a China tenciona diversificar tanto as suas relações econômicas, como a sua força política <…> A decisão atual da China é mais um passo no sentido da eliminação da hegemonia do Banco Mundial e FMI, onde quem domina são os EUA e a UE. Os BRICS criam uma alternativa para o desenvolvimento, para o financiamento de diversos projetos. Através disso, a ideia de policentrismo mundial é realizada".
Para o especialista russo Aleksandr Salitsky, do Instituto da Economia Mundial e Relações Internacionais da Academia das Ciências da Rússia, a China possui até agora legítima liderança nos BRICS, por causa da sua atividade financeira:
"A China já mostrou a toda a Humanidade uma coisa bastante interessante — ela confirma, bastante rápido com dinheiro todas as suas iniciativas".
Delegados dos BRICS em cerimônia de assinatura do acordo de criação do Novo Banco de Desenvolvimento (NBD), em 15 de julho de 2014, na cidade brasileira de Fortaleza
Delegados dos BRICS em cerimônia de assinatura do acordo de criação do Novo Banco de Desenvolvimento (NBD), em 15 de julho de 2014, na cidade brasileira de Fortaleza
O cientista não nega que haja uma "expansão" da China — mas essa é, para ele, diferente e até mais "agradável", comparada com a dos Estados ocidentais, motores da globalização.
Já para o vice-chefe do Centro de Pesquisa dos BRICS na China, Ren Yuanzhe, o NBD "criará condições ainda mais favoráveis para a cooperação econômica entre os países do grupo e outros Estados emergentes".


Leia mais: http://br.sputniknews.com/mundo/20150701/1445745.html#ixzz3evfRk8mr

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