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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

terça-feira, junho 29, 2010

Dil +++






Como era a vida de Dilma Rousseff na masmorra que abrigava presas políticas durante o regime militar no presídio Tiradentes

Luiza Villaméa e Claudio Dantas Sequeira

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MARCO
Portal tombado pelo patrimônio histórico é o que restou do presídio

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Durante quase três anos, Dilma Rousseff, a candidata do PT à Presidência da República, morou na Torre das Donzelas. A construção colonial não pertencia a nenhum palácio. Encravada no presídio Tiradentes, em São Paulo, ganhou o singelo nome por abrigar presas políticas do regime militar. Para chegar à Torre, Dilma e suas companheiras atravessavam um corredor com celas em uma das laterais. Os cubículos eram ocupados pelas corrós, as presas correcionais, tiradas de circulação por um mês, em geral por vadiagem ou prostituição. Essas mulheres costumavam ficar seminuas ou com a roupa virada pelo avesso, para se apresentarem em trajes limpos quando liberadas.

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COMPANHEIRAS DE CADEIA
Dilma, Eleonora, Guiomar, Rose e Cida na época em que foram presas

“Terrorista! Linda! O que você está fazendo aqui?”, gritavam as corrós ao verem passar uma nova presa política. Depois do corredor, havia um pequeno pátio. Em seguida, vinha a Torre. Dilma atravessou o corredor das corrós em fevereiro de 1970, aos 23 anos, após mais de 20 dias nos porões da repressão política. “Ela chegou fragilizada pela tortura, mas logo se recuperou”, lembra a jornalista Rose Nogueira, 64 anos, que passara pelo mesmo processo três meses antes.

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O presídio Tiradentes, onde Dilma esteve presa, já havia sido usado para encarcerar
os estudantes detidos no Congresso da UNE em Ibiúna (SP), em 1968.
Na era Vargas também abrigara presos políticos, entre eles o escritor Monteiro Lobato

Ao entrar pela primeira vez na Torre, Dilma viu as celas pequenas do térreo e duas escadarias laterais que saíam de uma espécie de hall e se encontravam no piso superior. Nesse andar, havia a cela 4, chamada de celão, pois se espalhava por 80 metros quadrados. Tinha também a cela 5, mais tarde adaptada como cozinha, e a 6, que Dilma dividiu com outras mulheres. “No começo, ficávamos na tranca o tempo todo”, conta a advogada Maria Aparecida Costa, a Cida Costa, 65 anos, uma das ocupantes da cela 6. Depois de algumas semanas e muitas reivindicações, as celas passaram a ficar abertas durante o dia.

Não demorou para que as donzelas da Torre se agrupassem, primeiro com base nas organizações clandestinas às quais pertenciam no “mundão”. Porque a Torre, no vocabulário das presas, era o “mundinho”. Mas as afinidades pessoais também contavam muito, como relata a médica e pesquisadora Guiomar Silva Lopes, 66 anos. “No mundão, o vínculo era de vida e morte”, diz Guiomar. “Na cadeia, estabelecemos uma relação de confiança inabalável.” Dilma é até hoje lembrada pelo espírito solidário. Durante um período, cuidou de uma estudante de arquitetura. “Quando a menina chegou da tortura, estava muito desestruturada emocionalmente”, afirma a advogada Rita Sipahi, 72 anos. “A Dilma ficou de olho nela o tempo todo para evitar que cometesse algum desatino.”

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Com a possibilidade de circular entre as celas, as presas políticas tentavam curar as feridas umas das outras e também se organizavam. Havia escala para as tarefas da limpeza e da cozinha. Com os víveres levados pelas famílias, elas preparavam as próprias refeições. Algumas conseguiam bons resultados, embora só contassem com dois fogareiros elétricos. Outras, nem tanto. A dupla mais desastrada na cozinha era formada por Dilma e Cida. “Não dominávamos a arte do tempero”, reconhece Cida. Numa ocasião, as duas resolveram caprichar no preparo de um prato de legumes. Acabaram servindo uma sopa de quiabo intragável. “Ficamos um pouco frustradas com o resultado, pois havíamos nos esforçado.”

Dilma se sobressaía nos grupos de estudo. “Ela é muito engenhosa na macroeconomia”, elogia outra companheira da Torre, a economista Diva Burnier, 63 anos. Na cadeia, Dilma, que abandonara a faculdade por causa da clandestinidade, dava aulas de economia para as colegas e participava dos debates. Num deles, defendeu a ampliação dos limites marítimos do Brasil. “Embora fosse uma iniciativa dos militares, Dilma apoiava, pois acreditava ser uma questão de soberania”, recorda Rose. “Hoje é fácil perceber a importância daquela decisão, tanto por causa da biodiversidade como pelo pré-sal.”

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Diante do Tiradentes, mães de estudantes fazem protesto contra a prisão de seus filhos. As mães das “donzelas da Torre” chegavam para as visitas nas tardes de sábado. Era o contato delas com o “mundão”

Aos 82 anos, a advogada Therezinha Zerbini, mulher do general Euryale de Jesus Zerbini, cassado em 1964, também recorda de Dilma com admiração. Presa na Torre durante o ano de 1970, Therezinha se destacava tanto pela origem quanto por ser uma senhora entre a população carcerária extremamente jovem. “As amigas dela me chamavam de ‘burguesona’ e ela me defendeu. Ela tinha uma liderança nata”, diz Therezinha. Quando precisava, Dilma endurecia. No final do ano, Therezinha estava bordando o vestido que a filha usaria no Réveillon quando um grupo de militares a procurou. “Acho que queriam me convencer a entrar num programa de arrependidos”, diz, referindo-se aos presos que foram à tevê renegar a opção pela resistência ao regime. “Não quis atendê-los. Eles voltaram mais tarde e, quando eu estava mandando-os ir embora, a Dilma gritou: ‘Dá duro neles, Therezinha. Se precisar, nós colocamos todos para fora’ .”

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Naqueles tempos, a atitude desafiadora só seria possível mesmo no presídio Tiradentes. Como muitos torturadores costumavam repetir durante as sessões que promoviam, o Tiradentes “era o paraíso”. Isso porque, ao entrar no presídio, a pessoa estava com a prisão reconhecida pelo Estado. Às vezes, era levada para interrogatórios em outras instituições, mas praticamente não corria risco de morrer ou “desaparecer”. Na escala macabra estabelecida nos porões do regime, a Operação Bandeirante (Oban) era o inferno, ficando o purgatório por conta da Delegacia Estadual de Ordem Política e Social (Deops). Como várias companheiras de cadeia, Dilma passou pelo inferno e pelo purgatório antes de chegar à Torre.

Por conta das sevícias, sofreu uma disfunção hormonal que levou anos para ser curada. Não perdeu, porém, o gosto pela vida. Com Cida, passava horas lendo os livros de ficção científica. Quando o rodízio do único aparelho de tevê da Torre caía em sua cela, entrava na madrugada vendo os filmes da sessão “Varig, a dona da noite”. Aprendeu até a bordar. “Ela fez uma tapeçaria com flores coloridas, que colocamos na parede”, lembra Rose. Na Copa do Mundo de 1970, acompanhou os jogos de perto. “A Dilma torceu muito pela Seleção Brasileira”, diz a socióloga Rosalba de Almeida Moledo, 66 anos.

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Criado em 1852, o presídio Tiradentes recebeu no começo escravos recapturados.
A Torre das Donzelas, onde ficaram Dilma e suas companheiras, é a construção redonda ao centro. Todo o complexo foi demolido a partir de 1973, durante a construção do metrô

No período em que o advogado Carlos Franklin Paixão de Araújo, seu companheiro, permaneceu encarcerado no Tiradentes, Dilma se comunicava com ele com a ajuda dos presos comuns. A rota usada por ela e outras presas políticas consistia em baixar mensagens por meio de uma corda artesanal, chamada “teresa”, para a carceragem dos “comuns”, que ficava embaixo da Torre. “De cela em cela, as mensagens chegavam ao destinatário, na ala dos presos políticos”, comenta Guiomar. “O recurso também era fundamental para sabermos o que estava acontecendo lá fora.”

Outro canal com o “mundão” eram as visitas, nas tardes de sábado, a maioria proveniente da capital paulista. “Nossas famílias, de Belo Horizonte, não conseguiam viajar com tanta frequência”, diz a pró-reitora da Universidade Federal de São Paulo, Eleonora Menicucci de Oliveira, 66 anos. “De qualquer forma, a mãe da Dilma e o irmão dela conseguiam vir bastante. Era uma alegria.” Para a mãe e as irmãs de Eleonora, viajar era mais complicado. Elas cuidavam de Maria, a filha de Eleonora, que tinha apenas um ano e dez meses quando a mãe foi presa.

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Conhecidas desde os tempos em que estudavam em Belo Horizonte, Dilma e Eleonora comemoravam com as meninas da Torre o Natal, o Réveillon e o Carnaval. As fantasias eram improvisadas, é claro, mas havia até desfile no “celão”. No caso de Dilma, as estratégias para manter o moral elevado atrás das grades também passava pelo humor. “Ela pôs apelido em todas nós”, conta Rita. “Uma era a Ervilha, outra a Moló, porque tinha jogado um coquetel-molotov em uma ação.” Essa faceta pouco conhecida de Dilma é ressaltada por outras entrevistadas. “Ela tem um humor impagável”, garante Eleonora. Quando a hoje presidenciável deixou a Torre, as companheiras de cadeia repetiram o ritual criado para o momento da libertação: cantaram “Suíte do Pescador”, de Dorival Caymmi, que começa com o verso “Minha jangada vai sair pro mar”. Quase 40 anos depois, tudo o que sobrou do presídio foi o portal de pedra, tombado como patrimônio histórico. No final de 1972, a construção de 1852 começou a ser demolida, para a construção do metrô paulistano.


do Gilson Sampaio


Dilma "nocateou" intelectualmente o "Agripino" da Folha




No programa Roda Viva, o jornalista Sérgio Dávila, da Folha de São Paulo, teve seu dia de José Agripino Maia (DEMo/RN).

Fez uma pergunta provocativa e insolente (porque repetida), se Dilma teria encomendado "dossiê", e recebeu uma resposta à altura.

Dilma Rousseff desafiou a Folha a provar o que escreve, e trazer a público os papéis que a Folha não mostra e diz que é "dossiê". O suposto dossiê nunca apareceu, ela nunca viu, e nem sabe se existe. Dilma disse ter ouvido falar, pela própria imprensa, da existência de reportagem de Amaury Ribeiro Junior.

Dilma disse que estas acusações levianas estão sendo respondidas com processos contra quem acusa (sem citar o nome de Serra, que está sendo processado). Só não processou a Folha porque enquadra-se na liberdade de imprensa, com o álibi da proteção da fonte.

O jornalista tentou insistir para que Dilma relesse a reportagem, e Dilma reafirmou que já leu várias vezes, e confirmou que as acusações são infundadas, insistindo para que o jornal apresente provas.

do Com texto livre


Clique aqui para assistir a entrevista da futura PRESIDENTE do Brasil ao Roda Viva.

Dilma cobra provas e eleva tom ao rebater suposto dossiê anti-Serra

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