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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

sexta-feira, outubro 04, 2013

AVANÇOS NA DEFESA



(HD) - A compra de 100% da Atech, pela Embraer, e o lançamento do Pólo de Ciência e Tecnologia do Exército mostram que - apesar do reconhecimento de que estamos vulneráveis do ponto de vista cibernético - ainda assim estamos evoluindo no contexto bélico. A aquisição da Atech pela Embraer vai fortalecer uma das raras empresas do setor, totalmente nacional, especializada em controle aéreo e em soluções estratégicas de comando e inteligência. O PCTEG será erguido junto ao Centro Tecnológico do Exército, em Guaratiba, no Rio de Janeiro, e irá unir instituições de ensino de engenharia, de pesquisa e de desenvolvimento da força terrestre, a grupos privados e universidades, no projeto de novas armas e equipamentos. No dia 6 de setembro, a imprensa anunciou a abertura de negociações oficiais para a compra de sistemas russos de artilharia antiaérea Igla e Pantzir pelo Brasil. O Pantzir pode detectar simultaneamente até 24 alvos, que estejam voando entre 5.000 e 10.000 metros de altura, a uma distância de até 20 quilômetros. Também no início do mês passado,  anunciou-se que uma associação entre a Mectron, a Avibras e a Opto Eletrônica vai começar a fabricar, ainda este ano, em São José dos Campos, os primeiros protótipos brasileiros do  míssil ar-ar “A-Darter”, de quinta geração, desenvolvidos em conjunto com a Denel sul-africana, destinados a equipar caças da Força Aérea, como o AMX.  No dia 17, foi anunciada a instalação, em Pomerode, de uma fábrica da CZ (Ceska Zbrojovka), famosa fabricante tcheca de armamentos, que irá produzir, em Santa Catarina, pistolas .380 e de 9 e 40 mm, e, talvez, o rifle de assalto CZ- 805. No dia 18, chegou à Base Naval do Rio de Janeiro o navio “Araguari”, completando a entrega de três patrulheiros oceânicos de 18.000 toneladas (os outros dois são o “Amazonas” e o “Apa”), fabricados pela Bae Systems, na Inglaterra - com cláusulas de transferência futura de tecnologia - para a Marinha do Brasil.  Outras boas notícias apontam também para o fortalecimento da indústria nacional e de nossa política de defesa.  Com a realização de nova reunião no Rio de Janeiro, da qual participaram, entre outros países, a Argentina e o Equador, avança o projeto da Escola Sul-americana de Defesa.   E, no início de outubro, a Avibras Aeroespacial, de São José dos Campos, anunciou a confirmação de um contrato no valor de 900 milhões de reais para fornecer lançadores de foguetes de saturação para o Exército da Indonésia. A encomenda é de 36 veículos Astros II, com centrais de controle e munição, o que possibilitará, além do ganho de escala, a criação de mais trezentos empregos diretos pela empresa. A indonésia é o segundo cliente da Avibras na Ásia. O outro comprador é a Malásia, que também já adquiriu baterias de mísseis do sistema Astros, no valor de 500 milhões de reais.

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