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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

sexta-feira, outubro 10, 2014






Trabalhadores readmitidos na estação Barra FundaTrabalhadores readmitidos na estação Barra Funda
Para impedir a vitória dos trabalhadores na greve do metrô a 7 dias da copa, Geraldo Alckmin, planejou um esquema fura greve chamado Plano de Contingência. Este plano realizou uma série de atos ilegais como: desvio de funções, jornadas de 12 horas sem descanso e sem folga.
Os chefes de estações foram obrigados a operar trem sem treinamento colocando em risco a população. Já os funcionários administrativos não têm treinamento de incêndio, RCP (Ressuscitação Cárdio Pulmonar), Primeiros Socorros, nem tampouco experiência e paciência com a população. Mesmo assim foram alocados para as estações.
Com efeito, os metroviários lançaram mão de um tipo de piquete nunca feito pela categoria: os piquetes para fechar estações. De maneira pacífica garantimos a greve e protegemos a população da irresponsabilidade do desgoverno.
Esta tática foi vitoriosa por que ganhamos apoio de muitos trabalhadores que com a nossa presença tinham justificava para não trabalhar e não serem demitidos. Nosso diálogo e passividade enervou Alckmin que decidiu expulsar os grevistas das estações com a Tropa de Choque.
As bombas de gás e a linha de ataque da PM geraram imagens que a grande mídia usou para criminalizar os grevistas Em 10 de junho, para várias mídias, Alckmin afirma: “As demissões ocorridas não foram em razão de greve. Nenhum grevista foi demitido. Elas foram em razão de outros fatos, e fatos graves, como invasão de estação, de depredação, vandalismo”.
Mas a verdade é que o governador selecionou lideranças das categorias para dar exemplo para a categoria que irá perseguir quem organiza a luta.
Em resposta às demissões os trabalhadores e o sindicato organizaram uma campanha de denúncias e foi aberto um processo de readmissão na justiça. As vitórias parciais dos trabalhadores foram iniciadas com a readmissão de 2 companheiros que foram confundidos com grevistas. A vontade de demitir era tão grande que na dúvida foi decidido mandar pessoas com nomes parecidos.
Este fato mostra que o critério foi político e repressor. Vejamos um dos processos analisados pelo juiz Tiago Melosi Sória, que reintegrou 33 dos demitidos: “Analisando o vídeo que registrou a conduta dos substituídos na Estação Tatuapé, em 5 de junho de 2014, vejo que, embora os trabalhadores estivessem na plataforma, não aparecem impedindo o fechamento das portas do trem. As testemunhas mencionadas (pela empresa) [...], além de não identificarem os praticantes, disseram que não houve violência ou dano”.
Imediatamente após as eleições, Alckmin inicia nova cruzada contra os metroviários.
Já mostrando que serão mais quatro de perseguição e criminalização do movimentos sociais, o metrô entrou com pedido de cassação das liminares que reintegram o primeiro grupo dos demitidos.
Nas bases do metrô tem acontecido grande perseguição a que adere a campanha da readmissão. Está proibido pela chefia das áreas o uso do broches, adesivos, coletes e qualquer adereço. Também o clima é de repressão com ameaças constantes de mudança de local de trabalho e criação de novos postos.
Porém a categoria mantém sua solidariedade e apoio aos demitidos. Sabem que passamos um período difícil e que a solidariedade e união da categoria são as únicas saídas para enfrentar a repressão.
Ricardo Senese, São Paulo.

*AVerdade

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