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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

segunda-feira, outubro 27, 2014

Dilma conclama País ao diálogo em sua primeira fala

Reeleita presidente da República com 51,64% dos votos válidos, a presidente Dilma Rousseff defendeu neste domingo, 26, diálogo com a sociedade, mudanças e reformas no discurso que fez para a Nação, logo depois de ser anunciada vencedora pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Dilma insistiu em anunciar que vai lutar para fazer uma reforma política a partir de um plebiscito e afirmou que criará mecanismos para combater a corrupção.

"Sem exceção, chamo todos os brasileiros para nos unirmos em favor de nossa Pátria, nosso País, nosso povo. Não entendo que essas eleições tenham divivido o País ao meio. Em lugar de ampliar divergências, criarmos fosso, tenho forte esperança de que a energia mobilizadora tenha preparado um bom terreno para a construção de pontes", afirmou a presidente reeleita.

Para ela, as divergências devem ser usadas para melhorar o diálogo. "O calor liberado no fragor da disputa pode e deve agora ser transformado em energia construtiva de um novo momento no Brasil. Com a força desse sentimento mobilizador é possível encontrar pontos em comum e construir com eles uma primeira base de entendimento para fazer nosso País avançar", disse ela.

Militantes do Partido dos Trabalhadores (PT) comemoram a reeleição da presidente da República, Dilma Rousseff, na Avenida Paulista, em São Paulo, neste domingo.Militantes do Partido dos Trabalhadores (PT) comemoram a reeleição da presidente da República, …Dilma afirmou que a História mostra que resultados apertados produzem mudanças mais rápidas do que vitórias muito amplas. "Essa é a minha certeza do que vai ocorrer a partir de agora no Brasil. O debate, as ideias, o choque de posições pode produzir espaços em processos que podem mover a sociedade naquilo que almejamos."

"Nas democracias maduras, união não significa necessariamente unidade de ideias. Nem ação monolítica conjunta. Em primeiro lugar, abertura e disposição para o diálogo. Esta presidenta aqui está disposta ao diálogo e é este o meu primeiro compromisso para o segundo mandato, o diálogo."

A presidente reeleição disse que o caminho apontado pelos eleitores, ao decidirem por dar-lhe mais um mandato, é muito claro. "Algumas palavras e temas dominaram essa campanha. A palavra mais repetida, mais dita, mais falada, mais dominante foi mudança. O tema mais amplamente invocado foi reforma. Sei que estou sendo reconduzida à Presidência para fazer as grandes mudanças na sociedade brasileira. Naquilo que meu esforço e meu poder alcança, podem ter certeza de que estou pronta a responder a essa convocação", prometeu ela.

A presidente reeleita Dilma Rousseff (PT) durante pronunciamento em hotel na cidade de Brasília, neste domingo, após o resultado das eleições.A presidente reeleita Dilma Rousseff (PT) durante pronunciamento em hotel na cidade de Brasília, neste domingo, …"Entre as reformas, a primeira e mais importante, deve ser a reforma política. Meu compromisso, como ficou claro durante toda a campanha, é deflagrar essa reforma, que é responsabilidade constitucional do Congresso e que deve mobilizar a sociedade num plebiscito, por meio de uma consulta popular", afirmou ela. Dilma anunciou ainda que terá um compromisso rigoroso também com o combate à corrupção, criando instituições de controle. "Proponho mudanças na legislação atual, para acabar com a impunidade, que é protetora da corrupção."

Ela afirmo ainda que vai procurar o diálogo com todos os setores da economia, em especial o industrial. "Quero a parceria de todos os setores produtivos e financeiros nessa tarefa que é responsabilidade de cada um de nós. Seguirei combatendo com rigor a inflação e avançando no terreno da responsabilidade fiscal e fazendo o diálogo e parceria com todas as forças produtivas do País." Colaboraram Nivaldo Souza, Rafael Moraes Moura, Ricardo Della Coletta,Tania Monteiro e Vera Rosa.Arte: Sabrina Cessarovice/Yahoo BrasilArte: Sabrina Cessarovice/Yahoo Brasil

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