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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

segunda-feira, outubro 27, 2014

A primeira entrevista de Dilma

 Fernando Brito
recorddilma
Muito melhor do que a dada ao Jornal Nacional, a entrevista de Dilma Rousseff ao Jornal de Record, hoje, é reveladora do espírito da Presidenta.
Ela vai ouvir, esperando passar a histeria de uma direita que sentou na boca o gosto da vitória e se retorce de ódio.
E também de passar a ação dos espertalhões que manipularam o mercado acionário nos últimos 60 dias.
É claro que a situação econômica do país não é uma maravilha, como não é uma maravilha em parte alguma do mundo.
Só que nós temos vantagens que os outros não têm.
Um mar de petróleo, para começar.
Um potencial mercado consumidor onde a inclusão de um décimo da população nos direitos da cidadania moderna equivale a um país inteiro na Europa.
Dilma garantiu que não vai tocar no emprego e no consumo, a não ser para ampliá-los.
Não aceitou nem mesmo especulações sobre a linha de suas escolhas ministeriais.
E aí sangrou na veia da saúde, quando se falou em corrupção.
Não tem terceiro turno.
“Ganha quem conquista a maioria e foi isso que aconteceu: eu conquistei a maioria”.
Eu sou uma pessoa com uma trajetória política e uma  integral dedicação à coisa pública. Jamais na minha vida houve uma única acusação. Eu não vou deixar que passadas as eleições esqueça-se as acusações.(…) Antes de quererem investigar, eu quero saber.
Lascou a crise hídrica em São Paulo no silêncio da imprensa.
E disse para todos o que significou o recado do eleitor a ela, na reeleição.
“Olha, eu acho que você acertou numas coisa, mas você que tem de fazer mais”
O Brasil vai ser um país que cuida de todos, mas em especial dos pobres, das mulheres, dos negros e dos jovens, que foram os grandes segmentos que emergiram nestes 12 anos”.
“Há uma ponte para fazermos isso. Qual é a ponte? É que todos nós queremos o melhor para o Brasil.”
Nós vamos defender esta ponte, contra quem quer um Brasil em ilhas.

*tijolaço

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