Páginas

Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

sábado, outubro 18, 2014

Fidel elogia editorial do jornal ‘The New York Times’ que pede fim de embargo a Cuba

Foto: Roberto Chile/ Cubadebate
Foto: Roberto Chile/ Cubadebate
O líder da Revolução Cubana, Fidel Castro, elogiou na noite de segunda-feira (13) um artigo assinado pelo núcleo editorial do The New York Times e publicado no último fim de semana, intitulado “Hora de acabar com o embargo a Cuba”.
Em carta divulgada pelo jornal oficial Granma, Fidel argumenta que o artigo do NYT apresenta uma conotação muito diferente do que se divulgava há 40 anos. “O artigo está escrito, como se pode apreciar, com grande habilidade, buscando o maior benefício para a política norte-americana na complexa situação em que os problemas políticos, econômicos, financeiros e comerciais aumentam”, observa o líder.
Intitulada “O que não poderá esquecer nunca”, a carta de Fidel relembra o “corajoso correspondente de guerra” do mesmo veículo, Herbert Mathews (1900-1977), que o entrevistou durante as lutas da guerrilha em Sierra Maestra, em 1957. O líder ainda cita em aspas excertos do editorial do NYT que considera “componentes essenciais”, como:
“O presidente Obama deve se sentir angustiado quando contempla o triste estado das relações bilaterais que seu governo tentou reparar. Seria sensato que o líder norte-americano refletisse seriamente sobre Cuba, pois uma mudança de política poderia ser uma grande vitória para o seu governo”.
“Washington poderia fazer mais para apoiar as empresas norte-americanas interessadas em desenvolver o setor das telecomunicações em Cuba. Poucos se atreveram por medo de possíveis implicações jurídicas e políticas”.
“O nível e a envergadura do relacionamento [entre os dois países] poderiam crescer significativamente, dando a Washington mais ferramentas para apoiar as reformas democráticas. É factível que irá ajudar a frear uma nova onda imigratória de cubanos desesperados que estão viajando para os Estados Unidos em jangadas”.
Histórico dos embargos
Em setembro passado, Obama anunciou a decisão de prorrogar o embargo comercial contra Cuba por mais um ano. Autoridades norte-americanas alegam a medida sob a justificativa de que se trata de um “interesse nacional dos Estados Unidos”.

Embora a prorrogação da legislação tenha caráter rotineiro, diversas organizações criticam o embargo por não acreditar que seja uma medida eficaz para acabar com a liderança dos irmãos Castro na ilha. A comunidade internacional também se opõe à medida. Em 2013, a Assembleia Geral da ONU pediu pela 22ª vez que o embargo, iniciado em 1962, fosse interrompido.
*Sul21

Nenhum comentário:

Postar um comentário