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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

terça-feira, outubro 07, 2014

Jornal Le Monde: Com Lula, presidente mexicano lança programa inspirado no Fome Zero

Le Monde chama Lula de "Ícone da luta contra a pobreza"

Aqui, matéria do Le Monde, onde Lula é chamado de " Ícone da luta contra a pobreza"
Au Mexique, croisade présidentielle contre la faim
Na  cidade indígena de Navenchauc, no Estado de Chiapas, no sul do México, que o presidente Enrique Peña Nieto dever lançar nesta sexta-feira (19), sua grande "cruzada contra a fome". Para essa ocasião, ele convidou o ex-chefe de Estado do Brasil Luiz Inácio Lula da Silva, ícone da luta contra a pobreza. Embora promissor --esse projeto interministerial--, que envolve o setor privado e a sociedade civil, provoca uma série de reservas.

"Não se trata de uma medida de assistência, mas de uma estratégia integral para os mais desfavorecidos", insistiu o presidente em 21 de janeiro em Chiapas, ao assinar o decreto de criação de sua cruzada. Três meses depois, o presidente volta ao Estado, um dos mais pobres do país, para dar o pontapé inicial nesse plano destinado a 7,4 milhões de mexicanos em 400 municípios "altamente marginalizados", dos quais 60% são indígenas.

Distribuição de alimentos, oficinas de formação em boa alimentação, acesso aos serviços de saúde e de educação, melhora da produção e da comercialização agrícolas... Medidas dotadas de um orçamento equivalente a 18 bilhões de euros, que visam principalmente erradicar a desnutrição infantil. Esse programa se inspira no plano brasileiro Fome Zero, lançado em 2003 pelo presidente Lula. "Hoje nós convidamos Lula porque o Fome Zero foi um sucesso", justificou a ministra mexicana do Desenvolvimento Social, Rosario Robles, que comanda o projeto.

A aposta é grande: 11 mil mexicanos morreram de fome em 2011, segundo o governo. A pobreza atinge cerca da metade da população. Para enfrentar esse desafio, todos os ministérios foram mobilizados, assim como os Estados e os municípios envolvidos. A sociedade civil não ficou fora. Um Conselho Nacional que reúne representantes do setor privado, ONGs, universidades, assim como os 31 governadores, além do prefeito da Cidade do México -- encarregado de orientar e avaliar o programa. 
*Nassif

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