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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

sexta-feira, outubro 17, 2014

Blog da Cidadania!

Recebo e-mail de colega da “blogosfera suja” – termo gestado por elucubração de José Serra em 2010, indignado com o contraditório, essa praga que tanto apavora políticos mimados e/ou blindados pela mídia como o ex-governador paulista.
Por, aparentemente, o colega preferir não se envolver diretamente no caso, repassou-me redescoberta de um episódio curioso. Para compreendê-lo melhor, porém, há que voltar ao debate de terça-feira (14) entre Dilma Rousseff e Aécio Neves na TV Bandeirantes.
Aécio começou o debate ostentando um ar debochado e irônico na cara, em claro menosprezo à adversária. Todavia, essa conduta mudaria entre o segundo e o terceiro blocos do programa.
Após ser insultada pelo adversário por perguntá-lo sobre o aeroporto que mandou construir com dinheiro público em uma fazenda de sua família, na abertura do terceiro bloco Dilma formulou outra questão que pareceu desestruturá-lo ainda mais, emocionalmente.
No vídeo abaixo, a pergunta de Dilma a Aécio sobre “violência contra mulheres”.


A parcela menos informada sobre política que assistia ao debate da Band por certo não captou o significado oculto na pergunta de Dilma. Aécio não passou recibo verbalmente, apesar de seu semblante ter espelhado a preocupação que a pergunta lhe causou.
Dilma, porém, tinha um objetivo muito claro ao apresentar essa questão ao adversário. Ele acabara de ter uma reação tão furiosa à questão (legítima) sobre o aeroporto que construiu nas terras de sua família com o dinheiro dos mineiros que chegou a dar a impressão de que agrediria a mulher com quem debatia.
A agressão, aliás, até ocorreu, mas, contra Dilma, só ocorreu verbalmente. O mesmo não se pode dizer em relação a outra mulher muito mais próxima do tucano, de acordo com post publicado pelo jornalista Juca Kfouri em seu blog em 2009.
Abaixo, o post do jornalista esportivo em seu blog no UOL.

O desinteresse da grande mídia sobre a denúncia de Juca foi total e condizente com a blindagem que tucanos de alto coturno sempre receberam dessa mídia. Porém, a afirmação dele guarda relação com outra notícia, agora velada.
Juca fez a denúncia no dia 1º de novembro de 2009. Seis dias antes, a “colunista social” Joyce Pascowitch publicou, em seu site de fofocas sobre socialites, um tal Glamurama, relato que, segundo a fonte do Blog, tem íntima relação com a denúncia de Juca.
O que você, homem, faria se um jornalista de renome e com grande espaço na mídia, tal qual Juca Kfouri, o acusasse de bater em mulher? No mínimo, sendo mentira você moveria um processo contra o caluniador. E mesmo sendo verdade, se não houvesse provas da acusação, faria a mesma coisa.
Aécio nunca respondeu a Juca e nem o processou. Se a coluna de Pascowitch tiver mesmo relação com a denúncia do jornalista esportivo, a explicação está aí: não seria possível processar devido ao grande número de testemunhas do fato. Simples assim.
PS: o tuiteiro Rodrigo mostra que outros veículos de comunicação foram bem mais explícitos do que Joyce Pascowitch. Abaixo, matéria do jornal Hora do Povo

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