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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

terça-feira, outubro 14, 2014

SUS cria portaria para parto humanizado

Luana Almeida
  • Dona de casa Fabíola Costa está satisfeita com parto humanizado do filho Heitor
Manter contato duradouro com o filho recém-nascido instantes após o parto é o desejo de muitas mães. No entanto, por conta da grande procura por leitos nas maternidades públicas, garantir esse momento ainda no ambiente hospitalar é tarefa distante da realidade atual.
A fim de estabelecer maior vínculo entre mãe e bebê, o Ministério da Saúde (MS) oficializou, na última terça-feira, portaria que recomenda a adoção de medidas próprias do parto humanizado. A indicação é para casos naturais para as cesarianas, em todas as unidades que prestam atendimento pelo Sistema Único de Saúde (SUS).
Conforme o documento, o bebê saudável, com o ritmo respiratório normal, deve ser colocado sobre o abdômen ou tórax da mãe, em contato direto pele a pele, em ambiente aquecido. Além disso, a nova regra prevê também amamentação ainda na primeira hora de vida da criança.

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"A cesárea deve ser exceção e não regra "
05/04/2014 | Comentários(0)
"A cesárea deve ser exceção e não regra "
Dessa forma, os procedimentos de rotina adotados após o nascimento do bebê, como exame físico, pesagem e outras medidas, devem ser realizados somente depois desses primeiros cuidados.
As medidas oficializam recomendações da Organização Mundial da Saúde (OMS) e do próprio MS e preveem, ainda, que o cordão umbilical seja cortado somente quando parar de pulsar.
Para os recém-nascidos com respiração ausente, irregular ou que tenham peso diminuído, a portaria estabelece que o atendimento deverá seguir o fluxograma do programa de reanimação da Sociedade Brasileira de Pediatria, de 2011.
Em nota, o ministro da Saúde, Arthur Chioro, afirmou que as novas normas contribuem para a redução da mortalidade neonatal.
"Nós precisamos estimular que essa primeira mamada aconteça na primeira hora de vida. Além de fornecer o primeiro aporte calórico para a vida do bebê, essa prática também acelera a descida do leite materno, aumentando a chance de sucesso no aleitamento e diminui a ocorrência de hemorragia uterina", explicou o ministro, em nota.
Abrangência
Na Bahia, conforme a coordenadora do setor de Cuidado por Ciclo de Vida e Gênero da Secretaria da Saúde do Estado (Sesab), o parto humanizado já é uma realidade em sete maternidades públicas.
"Estamos realizando um mapeamento de todas as maternidades do estado. Após isso, vamos obter relatórios e, a partir daí, institucionalizar as medidas nos locais onde o parto humanizado ainda não é feito. Em Salvador, por exemplo, já oferecemos esse serviço em sete unidades de saúde (ver quadro ao lado)", afirmou.
A intenção, de acordo com a coordenadora, é que, até o final do primeiro semestre deste ano, os procedimentos do parto humanizado sejam feitos em todas as maternidades do estado.
Embora esse tipo de nascimento  ainda não contemple todas as unidades de saúde da Bahia, a oficialização da portaria foi comemorada por ginecologistas, obstetras e especialistas da área.
"Priorizar a primeira hora pós-parto é de fundamental importância para a saúde física e psicológica do bebê e da mãe. Por isso, a portaria representa uma vitória", afirmou Camila Rabello, obstetra especializada em partos naturais.
Segundo a médica, o incentivo à amamentação é um dos principais benefícios proporcionados à mãe e ao seu filho que tiveram contato imediatamente após o parto, conforme a portaria do MS.
"Prolongar o período de aleitamento materno é essencial para melhorar a questão nutricional da criança. Ao estabelecer o leite materno como alimento exclusivo durante seis meses, os riscos de infecção, diabetes, morte súbita, dentre outras doenças, são reduzidos", afirmou.
*UOL
*GabyGuaranyKaiowa

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