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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

terça-feira, dezembro 09, 2014

Comissão da Verdade apresenta relatório final nesta quarta

Comissão da VerdadeComissão da Verdade
Um novo momento no processo de luta pela memória, verdade pela justiça aos torturadores e assassinos do período da ditadura militar brasileira será iniciado no próximo dia 10. A Comissão Nacional da Verdade convocou a sociedade civil e a imprensa para divulgar a versão final de seu relatório no auditório da Ordem dos Advogados do Brasil de Brasília, às 11 horas.
Após dois anos e sete meses de atividade, muita expectativa gira em torno do documento de mais de 2 mil páginas que será entregue pela comissão. Familiares das vítimas e militantes dos direitos humanos atuam no sentido de se inaugurar o momento da punição aos torturadores, enquanto setores do exército pressionam para que o relatório permaneça como letra morta.
Muito se espera também sobre a profundidade das revelações em relação a atores políticos que continuam em evidência nos dias atuais, como os grandes monopólios de comunicação formados a partir do golpe e outros empresários que financiaram, apoiaram e se beneficiaram com o regime.
O ato de divulgação do relatório será transmitido ao vivo pela internet no endereço:  www.cnv.gov.br
Da Redação
*AVerdade

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